Dados de inflação sustentam pessimismo do mercado; Para analista, ‘o governo se colocou nessa situação’
A divulgação da alta de 0,11% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, em janeiro trouxe mais pessimismo para o mercado, que esperava recuo de 0,01%. Para Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o número por si só ainda está ignorando algumas questões.
“Esse dado não conta toda a verdade, porque ele é beneficiado pelo bônus de Itaipu, que barateia as contas de energia. Se tirasse isso seria bem pior”, afirmou Spiess, em entrevista ao Giro do Mercado desta sexta-feira (24).
Para o analista, os números vieram qualitativamente ruins e o governo não consegue entregar os resultados que o mercado espera. Sem desaceleração dos índices, o especialista vê a inflação decolando nos próximos meses.
“A gente caminha para uma inflação acima de 5,5%, talvez 6% em 2025. Isso é problemático e demanda juros mais altos para promover uma desaceleração da economia brasileira, que é o que estamos vendo”, disse Spiess.
De acordo com ele, a permanência da taxa de juros nas alturas deve preocupar o governo Lula em relação à popularidade.
Além disso, com as eleições de 2026 no horizonte, as tentativas de alavancar a aprovação da população podem levar o governo a tomar decisões desesperadas, que podem piorar o cenário ainda mais.
“Em março, o brasileiro volta do carnaval, tem conta para pagar, os juros estão altos, câmbio está alto, inflação está acelerando e o desemprego deve começar a acelerar. Será um momento de convergência de impopularidade. É a situação que o governo se colocou”, afirma.
O especialista acredita que o poderia ajudar a inflação seria impor políticas monetária e fiscal restritivas, mas não vê esforço do Planalto para isso. O analista ainda comentou sobre as próximas decisões do Copom, que devem elevar os juros no Brasil.
Além do contexto doméstico, Spiess revelou expectativas para o cenário internacional após a posse de Donald Trump como presidente dos EUA. Para assistir o programa na íntegra e ficar por dentro de todos os detalhes, acesse o canal do Money Times no youtube.
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