Dá para cogitar mais um corte na Selic? Para o BofA, sim; veja por que economistas não veem fim do ciclo amanhã (19)
O Bank of America (BofA) está mais otimista do que o restante do mercado e espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) corte a Selic em mais 0,25 ponto percentual (p.p.) na reunião desta semana. O consenso, no entanto, é de uma pausa no ciclo de flexibilização da política monetária.
Os economistas David Beker e Natacha Perez veem uma redução nos juros a 10,25% ao ano, em uma votação unânime. “As condições financeiras estão mais apertadas após a última reunião, enquanto a inflação segue bem comportada, permitindo um último corte nas taxas”, afirmam.
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses acelerou de 3,69% para 3,93% em maio. As medidas subjacentes — difusão e núcleo — melhoraram, mas a inflação “provavelmente já atingiu o seu ponto mais baixo”.
Beker e Perez destacam que a política monetária segue contracionista. Mesmo com um corte de 0,25 p.p., os juros reais ex-ante (esperados para períodos futuros) ainda estariam próximos dos 7,3% e longe dos 4,5%, que o Banco Central (BC) considera neutros, destacam.
Os economistas também enfatizam a importância de uma decisão unânime, que deve ajudar a autarquia a recuperar credibilidade. Na reunião de maio, cinco membros votaram em uma redução de 0,25 p.p., enquanto os outros quatro optaram por um corte de 0,50 p.p. — o que corroborou com a desancoragem das expectativas.
Selic deve fechar 2024 a 10,25%, diz BofA
O BofA espera que o Copom realize uma pausa no afrouxamento após a decisão desta semana, que será divulgada na quarta-feira (19). “Mantemos nossa expectativa de taxa Selic estável em 10,25% até o final de 2024”, afirmam.
Entre as preocupações que podem fazê-los pisar no freio na reunião de julho, segundo os economistas, estão os riscos ascendentes para as previsões de inflação para 2025. O Relatório Focus desta segunda-feira (17) indica que, para o ano que vem, a projeção foi elevada de 3,78% para 3,80%.
Os economistas também destacam que as expectativas do IPCA para o final de 2024 subiram para 3,90%, mas “a inflação de equilíbrio aumentou de forma muito mais significativa”.
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Além disso, a desvalorização cambial desde a última reunião e a deterioração da projeção para 2025 “sugerem uma manutenção da Selic até o final de 2024”. A aposta para o dólar no Focus subiu para: R$ 5,13 em 2024; R$ 5,10 em 2025; R$ 5,12 em 2026; e R$ 5,15 em 2027.
“A retomada do ciclo de cortes deve acontecer no início do ano que vem, com nova composição do Comitê, e com o Federal Reserve cortando juros”, ressaltam.