Da Honda ao McDonald’s: o impacto do coronavírus sobre as empresas
Empresas globais, como Honda Motor e Groupe PSA, estão retirando trabalhadores das regiões da China mais atingidas pelo surto do coronavírus. Operadoras de parques temáticos, cinemas, varejistas e redes de restaurantes estão suspendendo ou reduzindo as operações para proteger funcionários e limitar a propagação do novo vírus.
As medidas das empresas destacam a importância de Wuhan como um centro de manufatura, transporte e negócios. A cidade da região central da China possui mais de 500 fábricas e outras instalações, ocupando a 13ª posição entre as 2 mil cidades chinesas no banco de dados da cadeia de suprimentos da Bloomberg.
É a capital da província de Hubei, que possui 1.016 fábricas, tornando-se a sétima maior de 32 dessas jurisdições.
Empresas japonesas possuem cerca de 54 unidades, companhias dos EUA controlam 44 e as europeias, 40, segundo os dados. Muitas fábricas são do setor automotivo e de transporte, e grandes nomes incluem PepsiCo e Siemens.
A China estendeu o feriado do Ano Novo Lunar até 2 de fevereiro em relação à data original de 30 de janeiro para reduzir o fluxo de viagens.
As autoridades também bloquearam cidades com 40 milhões de pessoas ao redor do epicentro em Wuhan, enquanto tentam conter uma doença semelhante à pneumonia que já matou pelo menos 80 no país com cerca de 2.744 casos confirmados.
Países como EUA, Japão, Cingapura e Coreia do Sul também relataram casos de infecção.
Confira as medidas de algumas grandes empresas:
27 de janeiro:
– Starbucks, McDonald’s e Domino’s Pizza. Das três redes de restaurantes dos EUA, a Starbucks é a mais exposta ao surto, impacto medido pela porcentagem da receita e lucro operacional em todo o mundo, de acordo com o analista da Guggenheim, Matthew DiFrisco.
“A China representa uma região de alto crescimento e um contribuinte significativo para as metas de crescimento da receita global de longo prazo para as três empresas”, disse DiFrisco em relatório. A Starbucks, com cerca de 4.100 cafés na China, informou que está fechando algumas unidades, sem dar mais detalhes.
– Tesla e Nio. Cerca de 8 milhões de carros foram vendidos no ano passado nas cerca de 40 cidades chinesas que têm 10 ou mais casos de coronavírus diagnosticados, ou 36,8% do volume total de varejo país, estimam analistas do Bernstein.
Essas cidades responderam por 82,5% dos volumes de vendas de carros elétricos no varejo da Tesla e 68% do volume da Nio, segundo analistas.
– Imax. A empresa com sede em Mississauga, Ontário, fechou temporariamente 70 mil salas de cinemas após o surto. O impacto da receita da Imax perdida durante o Ano Novo Chinês será de pelo menos US$ 60 milhões na receita global de bilheteria, de acordo com a MKM Partners.
Se a epidemia durar mais algumas semanas, seria possível um rombo de US$ 200 milhões no primeiro trimestre, disseram analistas da MKM Partners em nota.
– Nissan Motor. A montadora planeja retirar a maioria de seus expatriados e familiares de Wuhan usando um avião fretado enviado pelo governo japonês, disse uma porta-voz da empresa em e-mail.
26 de janeiro:
– Honda Motor. A montadora vai retirar cerca de 30 trabalhadores e familiares japoneses de Wuhan usando uma aeronave fretada do governo, disse por telefone Teruhiko Tatebe, um porta-voz em Tóquio. Alguns funcionários necessários para manter as operações locais permanecerão na cidade.
25 de janeiro:
– Groupe PSA. A fabricante dos carros Peugeot e de outras marcas disse que planeja retirar funcionários expatriados e famílias da área de Wuhan. Um total de 38 pessoas deixará a cidade, informou a empresa em comunicado.
– Hennes and Mauritz. A varejista de roupas, mais conhecida como H&M, fechou um total de 13 lojas na região, segundo informações do jornal Svenska Dagbladet. A China é o quinto maior mercado da empresa em termos de receita, com 524 lojas em 31 de agosto.
– A Ikea fechou seu depósito em Wuhan na quinta-feira, de acordo com a mesma reportagem.
24 de janeiro:
– Walt Disney. A maior operadora de parques temáticos do mundo disse que fecharia sua unidade da Disneylândia em Xangai a partir de 25 de janeiro. A empresa está oferecendo reembolso aos hóspedes que compraram entradas para os parques temáticos ou fizeram reservas em quartos de hotéis.
“Continuaremos a monitorar cuidadosamente a situação e a manter contato próximo com o governo local, e anunciaremos a data de reabertura após a confirmação”, afirmou a empresa em comunicado.
– Delta Air Lines. A companhia aérea com sede em Atlanta divulgou uma medida que permite aos passageiros que viajam entre Pequim e Xangai entre 24 e 31 de janeiro a mudarem o itinerário uma vez sem ter que pagar multa.