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CVM dá mais explicações sobre suspensão do FII da Mérito; veja documento

20 jul 2018, 20:11 - atualizado em 20 jul 2018, 20:11

A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) publicou há instantes, nesta sexta-feira (20) extrato da ata da decisão do Colegiado da autarquia a respeito da suspensão das negociações do fundo de investimentos imobiliário (FII) da Mérito Desenvolvimento Imobiliário I Fundo de Investimento Imobiliário, administrado pela Planner. O xerife cita “perplexidade” com o “desleixo” com as práticas contábeis adotadas pelos administradores.

Um documento assinado pelo analista Luiz Alfredo Rangel da Gerência de Investimentos Estruturados (GIES) destaca que o Fundo distribui rendimentos constantes e regulares aos cotistas, apesar de ser destinado a desenvolvimento imobiliário, num contexto onde que todos os riscos e incertezas decorrentes não se refletem nas distribuições.

Pirâmide

“A falsa sensação de segurança das operações do Fundo vem atraindo cada vez mais investidores, geralmente pessoas físicas, em função das distribuições de resultados realizadas acima da média do mercado, mas baseadas, como visto, não em atos de gestão que rentabilizariam a carteira, e sim no pagamento com recursos ingressados por outros cotistas mediante o pagamento da citada taxa de ingresso”, ressalta.

É neste ponto que a CVM compara a atuação do Mérito ao esquema de Pirâmide Financeira, como já havia destacado em seu comunicado inicial. Rangel ressalta que apesar de possuir quase 25% de seu patrimônio líquido em caixa, uma nova emissão de R$225 milhões foi aprovada com uma taxa de ingresso de 20%.

Provas

Isso evidencia, pontua o especialista, o propósito de utilizados recursos meramente para distribuição futura a título de rendimentos aos cotistas, e não como meio de viabilização da uma estratégia de investimento qualquer em ativos ou empreendimentos imobiliários. Ele também encontrou uma receita contabilizada de swap, que foi base para distribuição realizada em montante significativamente divergente dos registros apontados na B3.

Além disso, em 2017, o Fundo apresentou significativos ganhos com avaliação ao valor justo de imóveis adquiridos há poucos dias ou meses do encerramento do exercício. Por fim, o Fundo investe em contratos de SCP (Sociedade em Conta de Participação), investimento esse não admitido pela CVM.

Para o especialista, o uso combinado do SCP para disfarçar empréstimos concedidos pelo fundo, a contabilização incorreta dos resultados do swap e a remarcação frequente e repetitiva dos ativos mantidos em carteira demonstram um verdadeiro desleixo estrutural dos responsáveis.

Fundador do Money Times | Editor
Fundador do Money Times. Antes, foi repórter de O Financista, Editor e colunista de Exame.com, repórter do Brasil Econômico, Invest News e InfoMoney.
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