CVC: hora de voltar a comprar as ações?
A CVC (CVCB3) foi uma das empresas mais afetadas pela crise da Covid. Para se ter uma ideia, em janeiro de 2019, as ações da companhia eram negociadas a cerca de R$ 40. No auge da pandemia, elas caíram mais de 80%, para R$ 6.
Apesar disso, os papéis da maior agência de turismo do Brasil se recuperaram na esteira da vacinação e hoje negociam a cerca de R$ 20.
A grande pergunta que o investidor se faz é: hora de entrar no papel?
De acordo com a analista da Empiricus, Cris Fensterseifer, a companhia pode sim ser um bom passaporte para embarcar na retomada econômica.
Segundo ela, considerando o Ebitda ajustado de 2019 e o valor de mercado atual da CVC, o múltiplo EV/Ebitda é de cerca de 9 vezes, “o que é um múltiplo razoável se a empresa conseguir entregar crescimento”, argumenta.
“Esse crescimento pode vir com a reabertura econômica, com a vacinação e com a demanda reprimida de clientes que tiveram que cancelar as viagens”, completa.
A analista lembra que nos EUA, onde a vacinação já tomou corpo, a Páscoa registrou o maior número de passageiros nos aeroportos desde o início da pandemia.
“Ou seja, a gente pode tomar países que já vem se recuperando como exemplo. Se lá a recuperação é rápida em termos de viagens aqui pode acontecer a mesma coisa”, diz.
No entanto, ela aponta que a companhia ainda deverá sofrer com os impactos da Covid, visto que o ritmo de vacinação no Brasil é lento e que a pandemia está batendo recordes no país.
“Caso você decida apostar em CVC, atente-se ao risco maior e por isso, tenha um percentual menor em sua carteira”, alerta.
No quarto trimestre de 2020, a empresa reverteu o prejuízo de R$ 144,8 milhões de 2019 e fechou o período com lucro de R$ 82,3 milhões.
Não foi só a Covid
Apesar dos estragos da Covid, outros fatores também prejudicaram a empresa nos últimos meses. O principal deles foi o erro contábil que prejudicou as demonstrações em mais de R$ 300 milhões em receita.
Nesse caso, a companhia já anunciou medidas para que isso não se repita e provavelmente vai buscar reaver alguns dos valores perdidos.
Além disso, no final de 2019, a CVC comprou uma das maiores empresas de viagens e turismo da Argentina por cerca de US$ 70 milhões. Logo após, o país teve uma grande deterioração na sua economia.
“Espera-se que as operações e resultados das subsidiárias argentinas da companhia demorem ainda mais para se recuperar”, afirma.
Somado a isso, ainda houve a recuperação judicial da Avianca, que resultou na negociação de algumas passagens aéreas.
Compra na baixa?
Por fim, a analista lembra que o mercado de ações sempre antecipa fluxos futuros.
“Se os investidores esperam melhores resultados, observam que existe uma demanda reprimida e entendem que daqui a algum tempo a empresa pode voltar a ter um bom crescimento, as ações podem subir antes – como já é possível notar no caso da CVC”, completa.