CVC (CVCB3) vai desabar? CEO renuncia em meio à crise da empresa
O CEO da CVC (CVCB3), Leonel Andrade, renunciou ao cargo, mostra fato relevante enviado ao mercado nesta quarta-feira (24).
Segundo o documento, Andrade se dedicará a assuntos pessoais. Até lá, de forma a assegurar a continuidade das operações da companhia, o conselho de administração criou um comitê de transição, que será liderado pelo conselheiro Sandoval Martins, cujas atividades se iniciam a partir de amanhã.
A renúncia vem após o antigo diretor financeiro e de relações com investidores Marcelo Kopel também renunciar em abril. As posições estavam sendo acumuladas por Andrade.
Períodos turbulentos da CVC
Andrade assumiu a presidência da CVC ainda em 2020, dias após a companhia ter revelado erros em sua contabilidade. O executivo chegou à empresa com a missão de colocar a casa em ordem: a questão contábil de R$ 362 milhões se misturou à pandemia do coronavírus, que atingiu em cheio o setor.
“Eu tenho muito orgulho de dizer que a CVC nunca atrasou uma obrigação financeira, tem caixa suficiente e capacidade de honrar o compromisso com os clientes. Na hora que o mercado voltar, nós vamos estar muito fortes e firmes para atender todos os clientes”, afirmou Andrade em entrevista para o Money Times concedida ainda em 2020.
Porém, o boom no turismo não chegou, com a Taxa Selic nas alturas pressionando empresas endividadas, como a CVC, além de prejudicar o consumo dos brasileiros.
Sem condições de honrar seus compromissos, a companhia até conseguiu um acordo com os debenturistas sobre os principais termos e condições de reperfilamento dos títulos de dívida.
Porém, até o momento, a ação ainda não reagiu. Só nesta sessão, o papel caiu mais 7%. No ano, a operadora de turismo acumula queda de 33,88%, a R$ 2,81.
Agências de classificação de risco, como a S&P, rebaixaram o rating para calote após a operação.
No primeiro trimestre de 2023, a empresa reportou prejuízo líquido de R$ 128 milhões, melhora de 23% em relação ao mesmo período do ano passado quando a operadora de turismo obteve número negativo de R$ 166 milhões.
Já a receita líquida ficou praticamente estável, a R$ 295 milhões.
Segundo a CVC, o número foi impactado pelo crescimento das reservas, em parte contraposto pelos efeitos no take rate decorrente de mix de negócios e de produtos, especialmente na operação brasileira, como o aumento das vendas de produto marítimo, embarques de produtos vendidos na Black Friday e menor ocupação em produtos exclusivos.