Custos, insumos e embarques: Os reflexos de um dólar acima de R$ 5,60 na safra 24/25
Na última safra (23/24), o agronegócio conviveu com um cenário desafiador, a partir do aumento nos custos dos insumos e queda nos preços internacionais das commodities, em especial para soja e milho, duas das principais commodities exportadas pelo Brasil.
Neste novo ciclo 2024/2025, o produtor e o setor passam a conviver com um novo elemento, a valorização do câmbio. Do ano passado para cá, o dólar acumula valorização de 16,13%, passando de R$ 4,8525 para 5,635 (com base na cotação em 24/07, às 14h40).
Segundo Lucas Santiago, sócio-associado da Mirow & Co, há dois efeitos principais para o agro com um câmbio mais forte. “O lado positivo fica por conta dos preços mais caros ao produtor na hora de exportar, pensando que ele tem seus custos em reais. Para China e EUA, o lado comprador, fica mais barato, com nossas commodities mais competitivas. Teoricamente, os países deveriam comprar mais produtos brasileiros num cenário em que o câmbio para a gente parece ruim”.
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Dólar afeta custos de produção
Outro ‘lado’ que demora a aparecer fica por conta dos insumos adquiridos pelo produtor rural, já que boa parte dos fertilizantes são importados de países como Ucrânia, Canadá e Rússia, o que resulta em maiores preços pagos pelo produtor.
“Nesta safra 23/24, o produtor vai conseguir uma receita melhor com suas commodities. Já no ciclo 24/25, quando ele começar a plantar e comprar insumos, ele vai ter um custo de produção mais alto. Isso porque o plantio começa no fim de agosto/começo de setembro, e a partir do avanço da safra, você realiza as aplicações, só que para esse produto estar na mão do produtor no fim de setembro e outubro, ele precisa ter feito essa compra em maio (R$ 5,25), com o dólar do mês”, analisa
Santiago lembra os prejuízos que o AgroGalaxy (AGXY3), varejista de insumos, sentidos pelos reflexos da Guerra entre Rússia-Ucrânia há dois anos, quando as empresas adquiriram volumes maiores que o necessário num câmbio elevado, em meio a um pânico do mercado sobre uma possível interrupção do fornecimento. No acumulado do ano, a ação recua 57%.
Para Santiago, o câmbio alto deve resultar em maiores receitas ao produtor no final da safra, mas eles parecem mais cautelosos com a compra de insumos e investimentos na lavoura.