Economia

Curva vê Selic maior em 2023 e chance de nova alta em setembro

06 set 2022, 14:15 - atualizado em 06 set 2022, 14:15
Moeda, real
Operadores financeiros também passaram a embutir um aperto residual da ordem de 20 pontos na curva de juros até o fim de 2022, o que poderia levar a Selic para 14% (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O mercado de juros futuros apagou 0,5 ponto percentual em quedas da taxa Selic precificadas para 2023, depois que falas hawkish do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor Bruno Serra indicaram que a autoridade monetária não pensa em corte neste momento e reiteraram a postura vigilante com a inflação.

Os contratos de DI, que embutiam 2,9 pontos de corte ao longo do ano que vem, implicam neste momento uma redução mais modesta, de 2,4 pontos, da taxa básica de juros.

Operadores financeiros também passaram a embutir um aperto residual da ordem de 20 pontos na curva de juros até o fim de 2022, o que poderia levar a Selic para 14%.

“A mensagem do Banco Central foi, no nosso entender, que os mercados devem segurar a ansiedade com relação ao ciclo de queda de juros. Tem muito trabalho pela frente ainda e afrouxar as condições financeiras agora vai contra o trabalho do BC”, disse Julio Fernandes, gestor dos multimercado macro da XP Asset.

Segundo Fernandes, se o próximo dado de inflação vier relativamente em linha com as expectativas, o BC deve encerrar mesmo o ciclo de aperto. O IBGE divulga o IPCA de agosto na próxima sexta-feira.

“Finalmente, Campos Neto validou os riscos inflacionários ascendentes”, disse Guillaume Tresca, estrategista sênior para mercados emergentes da Generali Investments. Segundo ele, o mercado estava precificando muitos cortes, especialmente nos contratos intermediários da curva doméstica.

Campos Neto afirmou que o BC ainda precisa transmitir uma “mensagem dura” apesar da melhora na inflação e que continua valendo a análise de ajuste terminal na Selic neste mês, em evento na noite de segunda-feira.

Hoje pela manhã, Serra reforçou o tom conservador ao dizer que é preciso ter “muita cautela”. O diretor ainda pontuou que é inconsistente o mercado precificar inflação acima da meta e discutir queda de juros.

“A comunicação do BC indica que eles estavam um pouco descontentes com a precificação de cortes no curto prazo”, diz Juan Prada, estrategista do Barclays em Nova York.

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