Economia

Cúpula de presidentes latino-americanos debate criação de bloco igual à União Europeia; Brasil não comparece

18 set 2021, 15:29 - atualizado em 18 set 2021, 15:48
Cúpula de presidente da América Latina, no México
Objetivo: cerca de 20 chefes de Estado e de governo da América Latina querem enfraquecer a OEA (Imagem: Twitter/ Divulgação/ @LuchoxBolivia)

A América Latina e países do Caribe deveriam aspirar a um bloco regional similar à União Europeia, afirmou o presidente do México neste sábado (18) em uma cúpula que mira retirar influência diplomática das mãos da Organização dos Estados Americanos (OEA), sediada em Washington.

Anfitrião da cúpula, o presidente Andrés Manuel López Obrador disse a quase 20 presidentes e primeiros-ministros na cerimônia de abertura da reunião da Comunidade dos Estados Latino Americanos e Caribenhos (Celac) que o bloco poderia impulsionar melhor as economias de região acometidas pela desigualdade, e também enfrentar crises de saúde e de outras naturezas.

“Nestes tempos, a Celac pode se tornar o principal instrumento para consolidar as relações entre nossas nações latino-americanas e caribenhas”, disse, na cerimônia de abertura, realizada no palácio nacional no centro da Cidade do México.

“Deveríamos construir no continente americano algo similar ao que foi a comunidade econômica que foi o início da atual União Europeia”, acrescentou, enfatizando a necessidade de respeitar a soberania das nações da região.

Brasil ausente

O começo da cúpula focou nos líderes de centro-esquerda da região, incluindo o novo presidente do Peru, Pedro Castillo, Miguel Díaz-Canel, de Cuba, e Nicolás Maduro, da Venezuela.

Nenhum representante do governo Jair Bolsonaro compareceu.

Mas alguns pontos de tensão surgiram, incluindo críticas do presidente de centro-direita do Uruguai, Luis Lacalle, que afirmou que sua participação na cúpula não deveria ser interpretada como uma aceitação dos regimes mais autoritários da região.

“Estamos preocupados e olhamos com gravidade ao que acontece em Cuba, Nicarágua e Venezuela”, disse, citando o que descreveu como ações repressivas desses governos, incluindo a prisão de oponentes políticos.

Críticas à OEA

Os líderes se reuniram a convite de López Obrador com o objetivo declarado de enfraquecer o órgão regional OEA que, sediado em Washington, exclui Cuba e é visto com ceticismo por muitos líderes de centro-esquerda da América Latina.

Em seus comentários, o presidente boliviano, Luis Arce, defendeu um acordo global para reduzir as dívidas dos países pobres, enquanto o cubano Diaz-Canel defendeu o fim do embargo comercial dos EUA contra a ilha comunista.

O ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez ajudou a fundar a Celac em 2011, e seu sucessor, Maduro, chegou à capital mexicana na noite de sexta-feira como uma surpresa para os chefes de Estado reunidos.