Cumprimento da meta de resultado primário em 2025 deve ser menos desafiador do que em 2024, diz economista da XP
O cumprimento da meta de resultado primário em 2025 deve ser menos desafiador do que em 2024, afirma o economista da XP Investimentos, Tiago Sbardelotto.
Apesar da ausência de medidas pontuais relevantes, o aumento da atividade econômica e, em especial, da inflação será suficiente para aumentar as receitas tributárias. Além disso, o pacote de reduções de despesas adotado no ano passado deve proporcionar espaço adicional para o governo implementar cortes ou bloqueios de gastos neste ano.
“Nossa previsão para este ano é de um déficit de R$ 86,4 bilhões (0,7% do PIB) para o indicador completo e R$ 45,7 bilhões (0,4% do PIB) para o indicador de meta de resultado primário, o que significa que o esforço adicional para aumentar as receitas ou cortar despesas é de apenas R$ 15 bilhões”, diz.
Em 2024, o governo central acumulou um déficit de R$ 43 bilhões, ou 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com as estimativas da Secretaria do Tesouro Nacional. O resultado é “muito melhor” do que os R$ 228,5 bilhões — 2,1% do PIB — em 2023, afirma o economista da XP.
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Excluindo as despesas de R$ 32 bilhões que não estão incluídas no cálculo da meta, o déficit foi de R$ 11 bilhões em 2024, 0,1% do PIB. O resultado ficou entre o centro e a banda inferior (-R$ 28,8 bilhões) da meta de déficit zero, com intervalo de tolerância de 0,25 ponto do PIB, para cima ou para baixo.
Sbardelotto explica que o resultado primário do ano passado é fruto de uma combinação de fatores. Em primeiro lugar, a economia aquecida e a inflação elevada foram fundamentais para a ampliação da base tributária e, portanto, da receita — efeito que deve continuar em 2025.
Além disso, houve um volume substancial de receitas não recorrentes decorrentes de medidas como a tributação de fundos exclusivos, de investimentos no exterior, dividendos extraordinários e concessões, entre outras. Nesse caso, são receitas que provavelmente não se repetirão nos próximos anos e, portanto, não contribuem para o ajuste estrutural.
Por fim, houve a antecipação de 2024 para 2023 de cerca de R$ 40 bilhões de despesas — precatórios e compensações aos estados. A medida também favoreceu o resultado, mas não deve se repetir este ano.