CTNBio não avalia pedido sobre liberação de farinha de trigo transgênico
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) deixou novamente fora da pauta de discussões um pedido de liberação comercial para uso de farinha de trigo geneticamente modificado no Brasil, informou o órgão após reunião realizada nesta quinta-feira.
“O processo não foi debatido nessa reunião, estamos aguardando resposta da empresa solicitante à diligência feita pela CTNBio”, disse em videoconferência o presidente da comissão, Paulo Barroso.
A indústria nacional de trigo tinha a expectativa de que o assunto estivesse na pauta desta reunião, depois de ter sido excluído no encontro anterior da CTNBio, realizado em junho, também por pedido de informações à Tropical Melhoramento & Genética (TMG), que protocolou o pedido no Brasil.
Na hipótese de aprovação, a farinha feita de trigo transgênico seria importada da Argentina, fato que gerou preocupação para os moinhos, por possível efeito negativo para o consumo.
“Não há nenhum país no mundo que tenha trigo transgênico, o Brasil seria o primeiro. Não existe nenhuma pesquisa sobre como os consumidores vão reagir a este tipo de produto”, disse o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Rubens Barbosa.
Ele disse que a entidade está preparada para contestar uma eventual aprovação da CTNBio e, neste caso, deve solicitar junto a outros membros do setor que o tema seja analisado pelo Conselho Nacional de Biossegurança, composto por ministros, para que o governo se pronuncie sobre a conveniência da medida.
O governo da Argentina aprovou a comercialização da variedade transgênica de trigo HB4 da empresa de biotecnologia Bioceres, embora tenha destacado que o produto só poderá ser negociado depois de autorizada a importação pelo Brasil, conforme publicação no Diário Oficial argentino em outubro do ano passado. Reportagem da Reuters antecipou a medida na véspera da publicação.
Na época, a Abitrigo já havia informado que pediria ao governo brasileiro a não liberação da entrada do produto geneticamente modificado (GM) no país.
Um executivo da Bunge chegou a confirmar que os moinhos do Brasil são contrários à importação do produto, uma vez que ele é destinado à alimentação humana e o grão geneticamente modificado ainda enfrenta restrições para uso direto pelos consumidores, segundo reportagem publicada pela Reuters em novembro.
Nesta quinta-feira, o presidente da Abitrigo lembrou que grãos como soja e milho transgênicos têm aprovação para uso comercial, mas a finalidade é a alimentação animal.
“A farinha não, é só para consumo humano e vamos ver qual seria a reação do consumidor”, completou.