CSN vê mercado de aço favorável e vai subir preços entre agosto e setembro
O mercado de aço brasileiro está mostrando demanda melhor que a esperada após a chegada da crise de Covid-19 ao país o que ajudou a convencer a CSN (CSNA3) a elevar seus preços, afirmaram executivos da companhia nesta quarta-feira.
Além de reajustar preços de aços longos, voltados à construção civil, em 6% neste mês, a empresa vai cobrar de segmentos industriais alta de 10% em agosto e aplicar novo reajuste para distribuidores de planos em setembro, de entre 10% e 12,5%, afirmou o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, em teleconferência com analistas do setor.
A CSN divulgou na noite da véspera lucro líquido de 446 milhões de reais no segundo trimestre, considerado até então o pior em termos de impactos da pandemia sobre a atividade econômica do país.
O resultado foi apoiado em reajustes de preços de aço e efeitos financeiros que incluíram valorização das ações que possui na rival Usiminas.
As ações da CSN lideravam as altas do Ibovespa às 14h15, avançando 5,7%, enquanto o índice mostrava ganho de 0,8%.
Segundo Martinez, o que justifica os aumentos são elevações de custos de matérias-primas, bem como uma paridade negativa do preço do aço importado em relação ao nacional, da ordem de 9% a 12%, quando considerados laminados a quente.
“O aumento de setembro tem que ser feito rápido, é questão de custo”, disse o executivo. A CSN já aplicou integralmente um reajuste de 10% para os distribuidores neste mês. “O cenário para correção de preços em setembro está totalmente favorável”.
“Setores que tiveram baixa na pandemia já estão em patamar de uso de capacidade de 80%, caminhando para 95% a 100% no quarto trimestre”, disse Martinez ao comentar sobre perspectivas “muito boas” para o mercado de aço do país no segundo semestre.
Ele citou eletrodomésticos de linha branca, como máquinas de lavar, construção civil e máquinas e equipamentos, além de indústria automotiva, que vem registrando emplacamentos acima do esperado desde maio.
Alavancagem
Além do resultado trimestral, a CSN divulgou metas de endividamento consideradas pelo próprio diretor de relações com investidores da empresa, Marcelo Ribeiro, como “desafiadoras”.
A empresa disse aos investidores que vai reduzir sua dívida líquida em cerca de 10 bilhões de reais, para 23 bilhões, até o fim de 2021. Enquanto isso, a relação dívida líquida sobre Ebitda ajustado, de 5,17 vezes no segundo trimestre, vai cair para abaixo de 3,75 vezes até o fim de 2020, recuando a 3 vezes no fim do próximo ano.
“Entendemos que é desafiador reduzir divida em 10 bilhões de reais, mas estamos contando com geração de caixa e iniciativas financeiras que vamos entregar”, disse Ribeiro. “Vamos conseguir estender grande parte dos vencimentos de 2021 e 2022 já no segundo semestre”, acrescentou.
Entre as iniciativas da empresa, repetidas trimestralmente pela diretoria da CSN nos últimos anos, estão o potencial IPO da unidade de mineração e a venda de siderúrgica na Alemanha, que segundo Ribeiro são “probabilidades relevantes, possíveis”.
Na outra frente de geração de caixa da companhia, mineração, a CSN mantém meta de vendas de 33 milhões a 36 milhões de toneladas neste ano e em 2021.
Ribeiro anunciou que a empresa deve começar a construção no próximo ano de uma nova unidade de produção, ao custo de 500 milhões a 550 milhões de dólares, após obter licença de instalação do projeto em maio.
Segundo o executivo, a nova unidade vai elevar a capacidade de produção da CSN, de em torno de 40 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, para 55 milhões anuais até 2023.
A nova unidade vai ajudar a empresa a promover uma substituição gradual do produto de minéro de ferro “sinter-feed” para “pellet-feed”, de maior qualidade, disse Ribeiro.
Enquanto isso, o projeto de instalação de uma nova linha de galvanização na usina de Volta Redonda (RJ) foi colocado em avaliação, diante da crise gerada pela pandemia sobre a indústria de veículos, afirmou o executivo.