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CSN vai acelerar comercialização de estoques no 4º trimestre

24 out 2019, 15:06 - atualizado em 24 out 2019, 15:06
CSN
Atualmente, a CSN tem participação de 88% em sua área de mineração (Imagem: Douglas Engle/Bloomberg News)

CSN (CSNA3) traçou meta de encerrar o ano com estoques zerados de aço e minério de ferro, depois que problemas enfrentados pela companhia em áreas como siderurgia e mineração fizeram o grupo fechar o terceiro trimestre com prejuízo de 871 milhões de reais.

Em teleconferência com analistas, realizada enquanto as ações da empresa lideravam as quedas do Ibovespa nesta quinta-feira, o presidente-executivo da CSN, Benjamin Steinbruch, reafirmou meta da empresa de encerrar 2019 com alavancagem de até 3 vezes, chegando a 2 vezes em 2020.

Este desempenho, após um terceiro trimestre em que a relação de endividamento da CSN subiu para 3,81 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), será alcançado sem necessariamente a companhia realizar vendas de ativos, disse Steinbruch.

O mercado espera há meses que a CSN se desfaça da usina siderúrgica alemã SWT, de participação em sua área de mineração e de ações da Usiminas (USIM5). Steinbruch mais uma vez repetiu que está comprometido com estes desinvestimentos, mas que eles precisam ocorrer ao preço e momento corretos.

“Eu estou doido para vender (as ações da) Usiminas, mas assim como a questão da SWT, tenho que esperar o preço. A Usiminas não faz parte da estratégia da companhia e na hora certa vamos dispor das ações”, disse Steinbruch.

“A Usiminas não faz parte da estratégia da companhia e na hora certa vamos dispor das ações”, disse Steinbruch.

No balanço do terceiro trimestre, a CSN citou que entre os principais motivos para seu prejuízo no período foi a atualização a valor justo de sua participação na Usiminas, que caiu 380 milhões de reais, para 1,91 bilhão, ao fim de setembro.

Steinbruch foi mais contundente ao mencionar uma eventual venda de participação de 8% em sua divisão de minério de ferro, mas reforçando que isso vai ocorrer apenas se ele se sentir confortável do ponto de vista da situação de endividamento de sua companhia.

“Entendo, não concordo, mas comprei a tese do mercado de desalavancagem. Se tivermos que vender estes 8% será numa situação apenas que der conforto para mim no sentido de trabalhar com uma empresa menos alavancada”, disse Steinbruch, que, bem humorado ao mencionar sua idade, afirmou que: “O endividamento não me atrai mais…Tenho 66 anos e não quero morrer endividado.”

Atualmente, a CSN tem participação de 88% em sua área de mineração, formada por importantes minas como Casa de Pedra, em Congonhas (MG). O restante está nas mãos de um consórcio de siderúrgicas e tradings asiáticas.

“(Vender) 8% é um desejo meu. É um esforço muito pequeno do ponto de vista de ganho que vamos ter e eu vou fazê-lo. Estou preparado, mas tem que chegar o momento certo”, afirmou o executivo.

Ele não deu detalhes sobre as negociações, que envolvem acordo de streaming de minério de ferro, em que a empresa vai reservar uma parte de toda a produção esperada durante a vida útil de suas minas ao comprador.

Segundo Steinbruch, as negociações têm demorado diante do ineditismo de um acordo de streaming na área de minério de ferro.

As ações da CSN exibiam às 14h22 queda de 7,3, enquanto o Ibovespa mostrava recuo de 0,6%. Os papéis da Usiminas, que divulga seu desempenho de terceiro trimestre na sexta-feira, tinham desvalorização de 2,7%.

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Preço de aço

Depois de um trimestre em que a importante reforma do alto forno 3 atrasou, obrigando a empresa a comprar aço das rivais Usiminas, Arcelor Mittal e Ternium para atender clientes, Steinbruch afirmou que vê o mercado brasileiro com otimismo e que o resultado da CSN dos três últimos meses deste ano será melhor que o desempenho dos três meses anteriores.

Ele citou sinais positivos mostrados pelo setor de construção civil e fatores sazonais como liberação de saques do FGTS e pagamento de 13º, além do cenário de queda de juros da economia.

Apesar deste cenário favorecer um incremento nos preços de aço no Brasil, que estão em nível muito próximo de material importado, o diretor-executivo comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, afirmou que vê estabilidade nos valores da liga no país neste final de ano e uma recuperação ligeira no início de 2020.

A expectativa do executivo é que a venda de aço da CSN seja elevada em 20% a 30% em 2020 (Imagem: REUTERS/Fernando Soutello)

A missão de zerar os estoques de aço da empresa deve ser apoiada pela reativação paulatina do alto forno 3 a partir deste final de semana e que só deverá atingir ritmo de produção normal em meados de novembro.

Com esse religamento, a CSN espera que seu custo de produção de placas de aço caia em 300 reais por tonelada no quarto trimestre, na comparação com o pico de 2.177 reais dos três meses anteriores.

Martinez afirmou que a CSN iniciou negociações com montadoras de veículos, fabricantes de autopeças e indústrias como a de eletrodomésticos linha branca sobre contratos de preços de aço para 2020, mas, diferente de anos anteriores, evitou mencionar índices pretendidos de reajuste com estes setores.

A expectativa do executivo é que a venda de aço da CSN seja elevada em 20% a 30% em 2020, apoiada pela reforma que ampliou a capacidade do alto forno 3 para 3,3 milhões de toneladas anuais. No acumulado de janeiro ao fim de setembro, a CSN vendeu 3,4 milhões de toneladas de aço.

Em minério de ferro, executivos da companhia afirmaram que a meta é de venda de 40 milhões de toneladas até o final do ano. Até o final de setembro, as vendas da commodity somavam 28,2 milhões de toneladas. Segundo os executivos, a empresa deverá compensar a queda de vendas do terceiro trimestre nos três últimos meses de 2019.

A CSN projeta este ano investimento de cerca de 2 bilhões de reais, dos quais cerca de 600 milhões foram desembolsados no terceiro trimestre. Para 2020, o diretor-executivo de relações com investidores, Marcelo Cunha Ribeiro, estimou que o chamado “capex” será 10% a 15% menor que em 2019.

Cunha afirmou ainda que os próximos movimentos da CSN no mercado de capitais serão em debêntures no Brasil, aproveitando a queda dos juros e diversificando um quadro em que 60% do endividamento da empresa está atualmente nas mãos de bancos. Ele não informou quando uma nova emissão poderia ocorrer.