CSN: acordo com Glencore ajuda dívida e lucro, mas efeito sobre ações ainda é duvidoso
O acordo de venda de minério de ferro da CSN (CSNA3) à trading suíça Glencore foi bem recebido pelos analistas, mas há dúvidas sobre o real impacto sobre o valor das ações da companhia brasileira.
De um lado, os primeiros relatórios sobre o assunto destacam o pré-pagamento de US$ 115 milhões à CSN Mineração, braço da empresa para o setor, em troca de 4 milhões de toneladas de minério de ferro em até cinco anos.
O pré-pagamento é visto pelo BTG Pactual (BPAC11) como um modo inteligente de reforçar o caixa com dinheiro barato e melhorar a liquidez da CSN. Leonardo Correa e Caio Greiner, que assinam o relatório, ponderam, no entanto, que o mercado ainda precisa de mais razões para se animar com a companhia.
“O que o mercado busca é a conversão do ebitda em fluxo de caixa livre, e uma rápida redução da dívida líquida para menos de R$ 25 bilhões, pelo menos”, afirmam os analistas.
Isso não quer dizer que a CSN esteja com a corda no pescoço. O BTG Pactual reconhece, por exemplo, que a empresa apresenta boa liquidez e tem recursos para honrar as dívidas de curto prazo.
Questão de prioridade
Mas a ideia é que, entre consumir os recursos da Glencore com o pagamento de dívidas e transformá-los em lucros e dividendos para os acionistas, não há dúvidas sobre o que o mercado prefere.
Por isso, a recomendação do BTG é neutra para os papéis da CSN, com preço-alvo de R$ 13 para os próximos 12 meses, o que embute uma alta potencial de 14,7% sobre a cotação usada como referência pelos analistas.
Já a XP Investimentos tem uma visão mais positiva do acordo. Yuri Pereira, que assina a análise, aponta que o impacto do negócio sobre o endividamento será pequeno – baixará de 3,9 vezes para 3,8 vezes a dívida líquida sobre ebitda de 2020.
Mas, para a XP, a intenção de reduzir a dívida já é louvável. A recomendação da gestora é de compra dos papéis, com preço-alvo de R$ 14, amparada pela expectativa de que o preço do minério de ferro siga em alta. O risco, segundo o analista, é a Vale (VALE3) pressionar a cotação no segundo semestre, oferecendo um volume maior de mineral.