Saúde

Crivella: fim do isolamento só depois dos hospitais preparados

29 abr 2020, 20:01 - atualizado em 29 abr 2020, 20:01
Saúde-Coronavírus
O hospital ainda não estará com a capacidade plena, mas já vai contar com 20 leitos de UTI (Imagem: Divulgação/Prefeitura do Rio de Janeiro)

O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, afirmou nesta quarta-feira (29) que não pode determinar o fim do isolamento social no município enquanto não tiver a garantia do funcionamento de mais leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) nos hospitais da cidade.

Segundo o prefeito, as avaliações do comitê científico, que conta com profissionais experientes na área da medicina e até matemática para a análise das curvas da Covid-19, indicam uma preocupante elevação dos casos de contaminação, que podem resultar em mortes.

Criella informou que nesta sexta-feira (1º) será inaugurado o Hospital de Campanha do Riocentro, na zona oeste da cidade. O hospital ainda não estará com a capacidade plena, mas já vai contar com 20 leitos de UTI.

“A maior arma nesta guerra é a prudência. Enfaticamente, não sei mais qual argumento usar. Daqui a pouquinho, vamos ter respiradores, mas agora não é hora [de suspender o isolamento]. Agora é hora de construirmos a arca, não é hora de fazer dilúvio”, disse o prefeito. Ao defender o isolamento, o prefeito voltou a comparar a Arca de Noé ànreparação dos hospitais e o dilúvio ao aumento dos casos e das mortes por Covid-19.

Em entrevista no Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim/Galeão, para apresentação de equipamentos que chegaram da China, Crivella disse que a prorrogação do isolamento é por prazo indeterminado.

“Não recebi ainda todos os equipamentos que virão da China. Não estou com o [Hospital] Ronaldo Gazolla pronto, não estou com hospital de campanha pronto. Como vou enfrentar o dilúvio sem a arca? Não posso.”

Hoje a prefeitura recebeu 10 tomógrafos que serão usados para o diagnóstico precoce da Covid-19. Também chegaram 110 aparelhos de raio X digital e 20 autoclaves de 100 litros. Para a semana que vem, está prevista a chegada de mais 160 toneladas de material, em dois voos da companhia aérea Latam.

Serão 300 respiradores, 400 monitores, 70 carrinhos de anestesia, que também têm respiradores, e 2 milhões de máscaras. O material destina-se às unidades de saúde, especialmente, o hospital de campanha do Riocentro e o municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, na zona norte — os dois são referência no tratamento da covid-19 na capital.

O prefeito agradeceu à Latam, por ajudar a trazer os equipamentos, e à Ambev, que vai arcar com US$ 50 mil do custo de R$ 4,4 milhões da operação de embarque e transporte da carga.

Na segunda-feira (4), o voo JJ-9516 da Latam partirá de Guarulhos, em São Paulo, para Amsterdam e de lá para a China, onde chegará na quarta-feira (6).

O prefeito lembrou a preocupação com o embarque dos equipamentos comprados na China, por causa da forte demanda de outros países (Imagem: Fernando Frazão/Agência Brasil)

No dia seguinte, fará a rota de volta para o Rio de Janeiro com mais equipamentos, insumos e aparelhos que serão encaminhados a unidades hospitalares da cidade.

Ainda na quarta-feira, outro voo JJ-9516 sai de Guarulhos para o mesmo trajeto e chega à China no dia 8. Parte de lá no sábado (9) e chega ao Rio no mesmo dia. “Incrível, né? Porque eles estão 24 horas na nossa frente”, destacou o prefeito.

No sábado (2), mais 20 respiradores e 40 monitores chegam em voo contratado pela mineradora Vale. Segundo o prefeito, a operação de infraestrutura teve o apoio do ministro da Casa Civil, Braga Neto, e a empresa está bancando todo o custo.

De acordo com Crivella, o hospital de campanha conta com 20 respiradores e 80 leitos de enfermaria. Ele ressaltou, porém, a necessidade de garantir os leitos de UTI para o caso de se agravar o estado de saúde dos pacientes.

“No leito de UTI precisa ter os respiradores e monitores, então, é importante ter os equipamentos no local. Esses 20, para começar, já temos. Vamos abrir no dia 1º de maio com 20 leitos de UTI e 80 leitos de enfermaria.” No dia 27, chegarão mais 400 respiradores, mas o embarque pode ser antecipado. “Os chineses já disserem que, pela pressa que temos, vão adiantar.”

O prefeito lembrou a preocupação com o embarque dos equipamentos comprados na China, por causa da forte demanda de outros países, que chegaram a atravessar remessas oferecendo valores mais altos para obter insumos e aparelhos.

Após a chegada de todos os aparelhos, a previsão é que o Ronaldo Gazolla tenha 180 leitos de enfermaria e 203 de UTI, sendo 18 infantis. Crivella disse que, depois de equipar a unidade de Acari e o hospital de campanha, a prefeitura terá mais 200 aparelhos para equipar outras unidades.

“Vários hospitais nossos hoje estão com as cirurgias eletivas paradas. Graças a Deus, os óbitos por violência e também por acidentes de trânsito e de trabalho diminuíram muito. Então, tem vários hospitais em que podemos, colocando bons respiradores, atender a população: do Pedro II ao Miguel Couto, passando pela Ilha do Governador.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Telemedicina

Os médicos que estão em quarentena poderão trabalhar em sistema de telemedicina. Segundo Crivella, esses profissionais poderão fazer o atendimento por meio de computadores.

A tecnologia também será usada no contato dos pacientes dos hospitais-referência da Covid-19 com as pessoas da família. A comunicação vai ser por meio de tablets.