Mercados

Crises vão se suceder até setembro, diz gestor; investidor deve ter cautela

25 mar 2019, 9:43 - atualizado em 25 mar 2019, 9:43

Por Arena do Pavini

A reforma da Previdência deve ser aprovada, mesmo que com uma economia muito menor que o R$ 1 trilhão estimada pelo governo, o que deve beneficiar a bolsa de valores. Mas, até setembro, quando o texto deve ser votado pelos senadores, haverá muita turbulência e riscos para os investidores, alerta Alessandro Darlant, sócio da gestora Dahlia Capital. “Mesmo com toda essa instabilidade, com um cisne negro (nome dado aos imprevistos que mudam totalmente o cenário) a cada seis meses, o momento é único para a bolsa brasileira”, afirma.

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Para o gestor, que participou do 3 º Summit, promovido pela consultoria Levante Investimentos, o Índice Bovespa pode atingir 125 mil pontos com a aprovação da reforma da Previdência.

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Cavalo bravo

Segundo Darlant, a bolsa hoje é o melhor “cavalo” para o investidor aproveitar a mudança que a reforma da Previdência deve trazer para o Brasil. Mas é preciso mitigar o risco, pois o cavalo é bravo e vai brigar muito até que o cenário se defina. Ele deu o exemplo da proposta de reforma da Previdência dos militares, apresentada na semana passada, que trouxe uma economia muito menor que os R$ 97 bilhões esperados, e fez o mercado acionário recuar e o Índice Bovespa perder os 100 mil pontos. E muitos outros problemas políticos devem ocorrer até a aprovação final. “O mercado vai chacoalhar muito até setembro”, alerta.

O fundo multimercado da gestora, o Dahlia Total Return, está se protegendo mesclando ações com bom potencial de alta com ações de empresas exportadoras, como Suzano, posições em opções de dólar, derivativos e crédito privado e um volume alto em caixa, de cerca de 25%, também para aproveitar oportunidades que surjam em meio aos momentos de turbulência.

A gestora espera que a reforma da Previdência seja bem desidratada, com uma economia de cerca de R$ 600 bilhões em 10 anos. As negociações devem se acirrar entre abril e maio. Ele se diz cautelosamente otimista, o que justifica aplicações em papéis de crédito privado em dólar de empresas da América Latina. “Os ativos brasileiros de crédito privado têm pouca liquidez, por isso preferimos aplicar no exterior”, explicou. Ele dá o exemplo dos papéis do Banco do Brasil, que chegaram a pagar 10% ao ano em dólar. “Nessa situação, não faz sentido ter a ação aqui”, afirmou.

Darlant diz que nunca viu a bolsa brasileira tão barata diante da expectativa de um ponto de inflexão do mercado brasileiro. “E isso não inclui só a bolsa, mas venture capital e outros investimentos do mercado de capitais”, diz. Ele explica que as empresas cortaram despesas e custos e ajustaram suas estruturas. Com isso, seus fundamentos melhoraram. Os juros mais baixos também ajudam tanto pelo lado de reduzir o custo de oportunidade em aplicar em ações como ao incentivar as pessoas a buscarem alternativas para compensar o rendimento mais baixo de renda fixa. “As pessoas precisam colocar o dinheiro para trabalhar e tomar mais risco e isso beneficia a renda variável”, diz.

Entre os papéis que o fundo da Dahlia investe estão Itaú Unibanco, que segundo Darlant tem uma projeção de retorno em dividendos de 6% ao ano e é um dos melhores bancos do mundo. “Nunca vi isso, um retorno desses com um juro básico de 6,5%”, afirma.

Outro papel é Petrobras, que ainda está barata, com uma geração de caixa muito forte. “Claro que tem riscos, como o preço do petróleo no exterior, ou o BNDES ou o governo vender suas ações, mas é do jogo”, diz. O setor de energia elétrica é outro preferido pela gestora, pelo bom retorno em dividendos. Ele cita Equatorial e Eneva.

Já para proteção, o fundo tem papéis que tem seu desempenho atrelado ao dólar, como a Suzano Papel. “Se a reforma não passar o acontece algo mais sério no exterior, esses papéis podem ajudar a reduzir o impacto negativo”, afirma.

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