Crise política atinge “calcanhar de Aquiles” brasileiro, diz UBS
A crise política brasileira atual atinge em cheio o “calcanhar de Aquiles” da economia brasileira, que é a situação fiscal de longo prazo, avalia o banco UBS em um relatório assinado pelo economista Guilherme Loureiro e divulga a clientes nesta segunda-feira (22).
Ele ressalta que os ganhos demográficos do país estão começando a diminuir e que uma agenda de reforma concentrada na redução dos gastos do governo pode aumentar o investimento e a produtividade, o que parece ser a única forma de impulsionar o crescimento potencial.
“As pensões representam cerca de 45% das despesas totais e crescem aproximadamente 5% em termos reais. A maior parte dos benefícios está ligada ao PIB nominal (regra do salário mínimo) e a população mais velha está crescendo a um ritmo mais rápido do que a população em idade ativa”, lembra Loureiro.
Benefícios
O UBS lembra que, apesar de análise das reformas focar no ajuste fiscal, as implicações macroeconômicas são muito maiores. As reformas, ao lado do teto de gastos, podem aumentar a taxa de poupança em quatro pontos percentuais do PIB em 10 anos (7,5 pontos percentuais em 20 anos).
“Neste cenário, as taxas de juros reais podem cair em entre 200 e 250 pontos-base a partir dos níveis históricos para entre 4% e 4,5%”, explica o banco. Além disso, se for assumido que os recursos economizados sejam aplicados em investimentos, a taxa em relação ao PIB subiria a aproximadamente 25% e elevando o potencial de crescimento do PIB de 2% para um patamar entre 2,5% a 3%.
Crise
“Quando os países enfrentam fortes quedas econômicas, não vemos outra forma além de implementar as reformas e lidar com seus problemas estruturais. Isso ajuda a reforçar a visão de que, uma vez que a situação política seja resolvida, é muito provável que a agenda de reformas seja restaurada. No entanto, a volatilidade permanecerá alta até termos mais visibilidade”, explica Loureiro.