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Crise nos mercados de ações e dívida causam queda histórica em fundos soberanos, diz estudo

02 jan 2023, 17:16 - atualizado em 02 jan 2023, 17:16
Mercados de ações
Diego López, da Global SWF, afirmou que o principal motivo para os recuos foram as correções de mais de 10% sofridas pelos principais mercados de dívida e de ações, uma combinação que não acontecia há 50 anos (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

As fortes quedas nos mercados de ações e títulos de dívida no ano passado reduziram o valor combinado dos fundos soberanos e de pensão públicos pela primeira vez na história, um tombo de 2,2 trilhões de dólares, estimou um estudo anual do setor.

O relatório sobre veículos de investimento estatais da Global SWF mostrou que o valor dos ativos administrados por fundos soberanos caiu de 11,5 trilhões para 10,6 trilhões de dólares, enquanto em fundos de pensão públicos houve queda de 22,1 trilhões para 20,8 trilhões.

Diego López, da Global SWF, afirmou que o principal motivo para os recuos foram as correções de mais de 10% sofridas pelos principais mercados de dívida e de ações, uma combinação que não acontecia há 50 anos.

O fenômeno ocorreu à medida que a invasão da Ucrânia pela Rússia impulsionou os preços de commodities e elevou taxas de inflação já crescentes para os maiores patamares em 40 anos.

Em resposta, o Federal Reserve e outros grandes bancos centrais elevaram suas taxas de juros, causando uma crise global de vendas de ativos.

“Alguns dos fundos não verão essas perdas sendo realizadas diante de sua característica de investidores de longo prazo”, disse López. “Mas é bastante revelador sobre o momento em que estamos vivendo.”

O estudo, que analisou 455 investidores estatais com um total combinado de 32 trilhões de dólares em ativos, indicou que o ATP da Dinamarca teve o ano mais difícil que qualquer outro fundo, com uma queda estimada de 45%, equivalente a uma perda de 34 bilhões de dólares para aposentados dinamarquesas.

(Imagem: REUTERS/Sarah Silbiger)

Porém, apesar de toda a turbulência, os investimentos dos fundos em compra de companhias, imóveis e ativos de infraestrutura subiram 12% ante 2021.

Um recorde de 257,5 bilhões de dólares foram aplicados em 743 negócios, e fundos soberanos também acertaram um número recorde de transações na casa dos bilhões de dólares.

O fundo soberano de Cingapura, GIC, de 690 bilhões de dólares, liderou, investindo mais de 39 bilhões de dólares em 72 transações. Mais da metade disso foi aplicada em imóveis, especialmente ligados à logística.

A pesquisa também determinou que cinco dos 10 maiores investimentos já feitos por fundos estatais ocorreram em 2022. Entre eles, a injeção de 7 bilhões de dólares de outro veículo de Cingapura, Temasek, na empresa de teste, inspeção e certificação Element Materials, do fundo de private equity Bridgepoint.

“Se os mercados financeiros continuarem caindo em 2023, provavelmente os fundos soberanos vão continuar caçando elefantes’ como uma forma efetiva de cumprir suas obrigações de alocação de capital”, afirma a pesquisa.

O levantamento também indica que os fundos soberanos do Golfo Pérsico como ADIA, Mubadala, ADQ, PIF e QIA vão se tornar muito mais ativos na compra de empresas do Ocidente, depois de terem recebido grandes injeções de receita advindas do petróleo no ano passado.

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