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Deterioração no agro liga sinal amarelo para BB (BBAS3) e BB Seguridade (BBSE3)

04 out 2024, 13:07 - atualizado em 05 out 2024, 12:54
Banco do Brasil
(Imagem: iStock/Rmcarvalho)

O agronegócio não vive o seu melhor momento, em meio à queda dos preços dos grãos. O cenário fraco do setor, considerado o carro chefe das exportações brasileiras, foi evidenciada pelo aumento do número de recuperações judiciais, entre elas a AgroGalaxy (AGXY3) e Portal Agro.

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E além das empresas, outras duas companhias dependem fortemente do setor: BB Seguridade (BBSE3) e Banco do Brasil (BBAS3). A estatal é a principal fornecedora de crédito para o agro e deverá ter impactos, vê o BTG Pactual em relatório enviado a clientes.

Em sua carteira recomendada mensal, o banco optou por retirar BBSA3 argumentando que o risco de um terceiro trimestre mais fraco do que o esperado aumentou, sendo o principal motivo os maiores NPLs (que representa os empréstimos bancários que não foram pagos pelos seus clientes) e provisões provenientes de seu portfólio de agronegócios.

O banco já sentiu impactos do agro mais fraco nos números do segundo trimestre, quando o lucro somou R$ 9,5 bilhões.

Segundo o BTG, dados do Banco Central corroboram o maior pessimismo. Em agosto, houve um salto de 30 bps (pontos-base) nos NPLs do sistema para empréstimos rurais individuais, onde o BB detém a maior fatia de mercado.

Para julho, o BB foi o único banco incumbente a mostrar deterioração em seus empréstimos com classificação EH (+18 bps m/m), um proxy para qualidade de ativos.

“De fato, embora seja desafiador tirar conclusões importantes de apenas um mês de dados, o BB também está abaixo de nossas estimativas para o terceiro trimestre, tendo desempenho inferior ao de seus pares”, diz.

Ainda segundo o BTG, embora o Plano Safra tenha sido positivo, o feedback sugere que o plano enfrentou atrasos, com um início mais fraco/lento do que o esperado.

Nesta safra, o Governo Federal destinou R$ 400,59 bilhões destinados para financiamentos, aumento de 10% em relação à safra anterior. 

“Dada a redução nos preços das commodities, os agricultores têm operado com margens mais apertadas e estão esperando cuidadosamente o momento certo para vender suas colheitas, pagar dívidas existentes e tomar novos empréstimos sob o Crop Plan”, diz.

Ademais, o BTG diz que os efeitos climáticos atrasaram o plantio de novas colheitas, impactando ainda mais a decisão de tomar novos empréstimos.

Nos cálculos dos analistas, isso deve se traduzir em resultados do terceiro trimestre de crescimento mais fraco dos empréstimos, maiores inadimplências e provisões para o segmento rural, embora alguma aceleração do crescimento dos empréstimos ainda possa ser vista no quarto trimestre (setembro já mostrou melhora).

O banco projeta lucro líquido de R$ 9,5 bilhões para o BB (ROE de 21%), estável em relação ao trimestre anterior.

“No entanto, com base nas questões descritas acima, não descartamos uma contração nos lucros. Para 2025, uma taxa Selic mais alta deve fornecer alguma melhora de margem, o que pode compensar as leituras mais negativas dos resultados do terceiro trimestre sozinhos”.

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BB Seguridade pode sofrer também?

Na visão do BTG, com o BB tendo mais dificuldade em originar empréstimos rurais neste trimestre, isso também deve levar a um menor crescimento de prêmios rurais emitidos para seu braço de seguros, o BBSE.

“Os produtos de seguros rurais são frequentemente vendidos de forma cruzada durante o processo de empréstimo, já que os fazendeiros geralmente estão procurando plantar novas safras”.

No entanto, dizem, como os resultados do terceiro trimestre são impulsionados por prêmios ganhos (acumulados ao longo do tempo e com efeitos positivos de carryover do forte crescimento dos prêmios de vida de crédito do primeiro semestre), o impacto do EPS (lucro por ação, na sigla em inglês) para o trimestre deve ser limitado.

“Mas se os prêmios rurais emitidos não acelerarem nos próximos meses, o impacto nos lucros naturalmente crescerá em relevância”, discorre.

No geral, o BTG espera que BBSE tenha lucro líquido do terceiro trimestre em linha, em torno de R$ 2 bilhões a 2,1 bilhões (10% no trimestre e estável no ano), semelhante ao que os dados da SUSEP de julho indicaram.

“Há risco de queda na orientação de crescimento dos prêmios emitidos deste ano (8-12%) devido à dinâmica do segmento rural, mas a orientação de crescimento dos resultados operacionais não relacionados a juros (ex-holding) (5-10%) deve terminar o ano no ponto médio (ou até um pouco mais alto)”, diz.