Crise econômica faz casais adiarem planos de ter filhos, aponta pesquisa
Cerca de 79% dos brasileiros não querem ter filhos nos próximos dois anos. A taxa sobe para 82% quando se trata de mulheres, independente de filho biológico ou adotivo. Isso é o que mostra a pesquisa de opinião pública sobre natalidade, realizada pelo IBOPE, em março deste ano, com pessoas em idade fértil, acima dos 16 anos.
Para o supervisor de disseminação do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Pedro Franco, a decisão de adiar a chegada dos filhos ocorre devido a fatores econômicos.
Entre os que sonham com a chegada dos herdeiros, mas preferem esperar, está o jornalista Rodrigo Escovedo, casado há oito meses. O brasiliense confessa sua paixão por crianças e a vontade de ser pai, mas acredita que a decisão pela chegada dos filhos deve ser tomada com planejamento.
A pesquisa ainda apontou que, entre as pessoas que querem adiar os planos de ter filhos, mais de 80% tem idade entre 35 e 44 anos, e a maioria tem até a quarta série do ensino fundamental – 85%.
Entre os 19% dos que pretendem ter filhos nos próximos dois anos, somente dois por cento querem adotar uma criança. O restante vai escolher pelos meios biológicos, com gravidez própria ou da companheira. Entre os que querem uma gravidez, 79% pretendem fazer parto normal, enquanto que a cesária é intenção de 20% dos entrevistados.
Segundo Paula de Miranda Ribeiro, professora do Departamento de Demografia da Universidade Federal de Minas Gerais, a escolha pela cesariana é cultural no Brasil, diferente de outros países em que o método é adotado somente em casos de risco para a saúde. Mas por aqui, os vinte por cento que desejam a cirurgia para o nascimento dos filhos, escolheram por questões econômicas e de comodidade.
No ano passado, o Ministério da Saúde registrou que 58% dos partos feitos no serviço público, eram normais. As cesarianas foram 42% .Entre as regiões, a intenção de ter filhos nos próximos dois anos é menor no Sul do país, com 87%. A região Nordeste tem 76 por cento de pessoas que não querem filhos nos próximos dois anos, a menor taxa entre todas as regiões.