Internacional

Crise de energia na Europa piora com risco de guerra na Ucrânia

14 jan 2022, 14:55 - atualizado em 14 jan 2022, 14:55
Tropas Rússia fronteira Ucrânia
Envio de tropas russas para fronteira da Ucrânia aumentou a tensão militar entre os países (Imagem: Alexander Avilov/Moskva News Agency)

A crise energética da Europa se intensificou à medida que o risco de guerra elevou os preços do gás, as paradas de usinas elétricas foram estendidas e o governo francês pediu à sua maior concessionária que sofresse um impacto de US$ 8,8 bilhões para proteger os consumidores.

Os preços de energia e gás subiram na sexta-feira com a perspectiva de ação militar na Ucrânia aumentando. Enquanto isso, a gigante nuclear Electricite de France registrou queda recorde depois que o governo disse que a empresa deveria vender energia com um grande desconto, enquanto reatores enfrentam longas interrupções.

“O risco de uma potencial nova guerra na Ucrânia e os efeitos que isso pode ter no mercado de gás continuam a causar muita incerteza”, disseram analistas da Energi Danmark.

Os preços da energia na Europa estão extremamente voláteis. O armazenamento de gás da região está caindo mais rápido do que o esperado, aumentando o foco nas importações da Rússia e elevando a preocupação de que os suprimentos serão insuficientes no caso de uma forte onda de frio.

A pressão no mercado vai além deste inverno. Preços de energia na França e Alemanha para abril saltaram nesta sexta-feira, com menos reatores nucleares disponíveis para fornecer eletricidade.

Custos paralisantes

O impacto nas contas de energia doméstica em todo o continente deixou os governos lutando para encontrar maneiras de proteger os consumidores de custos mais altos.

Na França, o governo está pedindo à EDF que venda mais energia com desconto em relação aos preços de mercado. O ministro das Finanças Bruno Le Maire disse que o aumento nas contas de eletricidade para residências e pequenas empresas será limitado a 4% este ano, incluindo 8 bilhões de euros (US$ 9,2 bilhões) de cortes de impostos sobre o consumo de eletricidade.

E os problemas da EDF vão além. Durante a manutenção em seus reatores Civaux e Penly, a empresa encontrou falhas próximas a soldas na tubulação.

A verificação e o reparo estão demorando mais do que o esperado, deixando o mercado com pouca oferta e a EDF sem receita dessas unidades. O impacto nos lucros deve ser de cerca de 6 bilhões de euros, segundo a Jefferies International.

As ações da EDF chegaram a cair até 25% na sexta-feira, a maior queda desde que começaram a ser negociadas em Paris em 2005.

“As interrupções nucleares mais longas irão aprofundar e estender a atual crise de energia na Europa”, disse Arne Bergvik, analista-chefe da concessionária sueca Jamtkraft AB.

No mercado de gás europeu, todos os olhos estão voltados para os fluxos russos, com os temores crescentes sobre um possível conflito na Ucrânia – um importante país de trânsito.

Os EUA estão pressionando os aliados europeus a concordar com possíveis sanções contra a Rússia, temendo que o país possa invadir seu vizinho em breve – embora a Rússia tenha dito repetidamente que esse não é seu plano. As negociações entre os EUA e Moscou nesta semana não conseguiram aliviar as tensões.

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