Economia

Crise de energia afeta preços de alimentos e inflação, diz Campos Neto

02 jun 2021, 9:51 - atualizado em 02 jun 2021, 12:39
“Então isso tem um efeito em inflação, nos preços dos alimentos, tem um efeito em tudo o que fazemos”, disse Campos Neto (Imagem: Flickr/Raphael Ribeiro/ BCB)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou nesta quarta-feira o impacto da atual crise de energia sobre a inflação no país, frisando que as questões relacionadas às mudanças climáticas têm ligação direta com o mandato dos bancos centrais.

“Olhamos para essas questões (climáticas) e vemos como isso afeta a política monetária. Tivemos todos esses choques, quer dizer, isso está de volta no Brasil porque estamos falando sobre crise de energia no Brasil de novo, porque não está chovendo o suficiente”, disse Campos Neto durante seminário organizado pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS na sigla em inglês) .

“Então isso tem um efeito em inflação, nos preços dos alimentos, tem um efeito em tudo o que fazemos.”

Segundo Campos Neto, os choques climáticos podem ter um impacto de longo prazo e afetam a taxa de juros neutra –“que é algo sobre o qual temos aprendido mais e mais”– e também a estabilidade financeira.

Em sua intervenção, o presidente do BC também defendeu que os governos evitem regular os mercados de carbono por meio da taxação, pontuando que o mais eficiente é estimular a criação de um mercado para vendedores e compradores.

“A precificação do carbono, e ter um mercado mundial coordenado de carbono, seria uma das principais coisas que poderíamos fazer”, afirmou.

“Acho que taxar o carbono levaria o governo a alocar recursos assumindo que eles sabem as preferências da sociedade, e isso nem sempre é verdadeiro. Precificação é sempre melhor que taxação.”

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Bureau Verde

Ao citar as principais ações da agenda de sustentabilidade do BC, Campos Neto enfatizou a criação do bureau verde, que centralizará informações sobre todas as operações de crédito rural do país em um formato de open banking, com a incorporação de critérios que identifiquem operações com características verdes.

O sistema está atualmente em consulta pública.

“O bureau se torna uma ferramenta para gerenciar riscos, mas também estimula o desenvolvimento de bonds verdes, de securitização”, disse Campos Neto.

Ele afirmou, ainda, que o BC está incorporando a questão da sustentabilidade também internamente, na gestão das reservas internacionais.