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Criptomoedas podem reduzir a necessidade de aplicar taxas de juros negativas?

18 nov 2020, 16:09 - atualizado em 18 nov 2020, 16:09
Atualmente, o Banco da Inglaterra está considerando cortar a taxa-base para abaixo de zero, o que significaria que bancos terão que começar a cobrar clientes pelos depósitos realizados (Imagem: Freepik/pvproductions)

Andy Haldane, economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) afirmou que criptomoedas podem mitigar a necessidade por taxas de juros negativas.

“Basicamente, [a taxa de] ‘limite inferior efetivo’ [do inglês ‘zero lower bound’ ou ZLB] surge de uma restrição na capacidade de pagar ou receber juros pelo dinheiro físico, sejam esses juros positivos ou negativos”, disse ele.

“A princípio, uma criptomoeda amplamente utilizada poderia mitigar, senão eliminar, essa restrição tecnológica ao permitir que taxas de juros sejam cobradas sobre ativos monetários do varejo”.

Atualmente, o Banco da Inglaterra está considerando cortar a taxa-base para abaixo de zero, o que significaria que bancos terão que começar a cobrar clientes pelos depósitos realizados.

Em 12 de outubro, Sam Woods, diretor executivo da Autoridade Regulatória Prudential (PRA), enviou uma carta a bancos a fim de obter informações sobre como taxas de juros negativas poderiam afetá-los. Taxas de juros negativas já são uma realidade na Zona do Euro.

Em uma conferência no dia 10 de novembro, Haldane falou sobre os riscos e benefícios de diversas variações de criptomoedas — incluindo moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs) e stablecoins privadas.

“Embora o foco, até agora, tenha sido nos custos da disrupção — para propostas de financiamento e crédito —, também é preciso ponderar os benefícios de tal mudança estrutural”, explicou ele.

É preciso estudar os efeitos positivos ou negativos antes de integrar uma criptomoeda a um sistema bancário tradicional (Imagem: Freepik/macrovector)

Haldane disse que uma criptomoeda amplamente utilizada poderia ter grandes efeitos na estabilidade financeira, dando o aval para algo que ele descreveu como “próximo a ‘narrow banking’” — em que pagamentos e atividades baseadas em crédito são divididos de forma mais clara.

Instabilidades no setor bancário surgem da incompatibilidade entre risco e duração nos balanços de bancos, explicou ele.

“A princípio, dividir pagamentos seguros e atividades de risco para empréstimo pode resultar em um alinhamento de risco e duração nos balanços dessas instituições que oferecem esses serviços”, continuou ele.

Iríamos nos aproximar de um modelo intermediário e bifurcado de “narrow banking” para pagamentos (dinheiro lastreado por ativos seguros) e limitar o “purpose banking” para empréstimos (ativos de risco lastreados por responsabilidades de incerteza de capital).

Isso reduziria, na sua origem, as instabilidades intrínsecas do modelo bancário tradicional.