Criptomoedas e Estado: sinal de perigo na Venezuela?
Anos vão passar, tentativas serão feitas, mas um só resultado será visto: quando o estado se intromete demais no setor de criptomoedas, acaba por levar os problemas do sistema tradicional para o seu setor de “ativos descentralizados”. É de se entender que os governos queiram regular as criptomoedas, já que temem perder o poder, que vem com o controle do dinheiro.
E mesmo que não fosse esse o caso, as interferências humanas, o jogo de egos e interesses no meio político acabam por comprometer até mesmo quando existem as melhores intenções representadas em leis.
A Venezuela está passando por um momento que mostra de forma clara como é isso.
- Entre para o Telegram do Crypto Times!
Acesse as notícias do mundo cripto em tempo real. Clique aqui e faça parte!
Criptomoedas na Venezuela são ameaça ao Estado?
As criptomoedas já são usadas por lá por anos, como forma de preservar patrimônio da população ou mesmo facilitar as transações entre os que resolveram deixar o país e os membros da família que ficaram. Eu mesmo conheço algumas pessoas que vivem nessa situação.
Mas o estado resolveu se intrometer no uso harmônico e natural das criptomoedas em 2018, com a criação de uma criptomoeda chamada Petro, que foi feita para ser lastreada em petróleo.
O objetivo do governo de Nicolás Maduro com a criação do Petro era contornar o bloqueio financeiro imposto pelos Estados Unidos e superar a hiperinflação do país.
A pré-venda do Petro foi ativada em 20 de fevereiro de 2018 e teve como lastro 5,342 bilhões de barris de petróleo. A moeda era tida como uma salvação para o país que afundava economicamente.
Mas ela não deslanchou e quase não se fala dela. Pior que isso, hoje, ao vermos o cenário por lá, vemos que as coisas não saíram como o planejado em todo o setor cripto, mesmo num contexto bem maior.
O estado foi se aprofundando cada vez mais no mercado de criptomoedas e se infiltrando. Ou melhor, o estado foi criando seu setor centralizado de algo que só funciona bem de forma descentralizada.
Recentemente, o principal regulador de criptomoedas do país foi preso, por ordem de Maduro. O novo superintendente de criptoativos, insatisfeito com a forma como a indústria se desenvolveu (e provavelmente se corrompeu por lá), ordenou o fechamento de todas as corretoras que possuem registro no país.
Fala-se também do fechamento das instalações de mineração de criptomoedas e uma investigação de corrupção em andamento envolvendo a petrolífera venezuelana PDVSA e o departamento de cripto do estado.
Se a situação é bem preocupante para o país, não podemos dizer o mesmo para as criptomoedas, especialmente o Bitcoin.
A Venezuela apenas centralizou as empresas que operam por lá, mas não a rede do BTC. Isso não pode ser feito por leis ou pressão. O problema foi criado na nação e permanece lá, sem afetar a rede ou seu uso.
Quanto mais o estado tentar assumir o controle do ativo, mais resiliência ele mostrará ter e vai se provar como um ativo para a liberdade.
Os países que entenderem que flexibilizar as leis e abrir mais o mercado para a classe de criptoativos é a melhor opção, provavelmente são os que vão receber mais benefícios deste mercado: investimentos no setor aparecerão, e até mesmo contribuição através de impostos pelo crescimento econômico.
Não há para onde fugir. A descentralização é o único caminho que traz solução para a corrupção e problemas sistêmicos dos governos. E isso ficará evidente quando uma parcela maior da população acordar para isso e adotar criptomoedas amplamente.
Até lá, veremos mais “Venezuelas” tropeçando ao tentar limitar o que não está sob seu controle.
Criptomoedas descentralizadas e estado não combinam. Isso não quer dizer que os dois possam sobreviver e tomar, de alguma maneira, o espaço na economia que compete a cada um.
Mas não adianta: quanto mais um governo impuser leis e medir forças com a rede Bitcoin, mais vai mostrar ao mundo que o BTC não pode ser parado por meio da opressão, e que a disrupção de sua tecnologia libertadora veio para ficar.