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Criptoativos vão democratizar o dinheiro e desbancar os bancos

01 dez 2019, 19:00 - atualizado em 31 maio 2020, 13:12
Os criptoativos vão modificar nossas estruturas econômicas, sociais, políticas e ambientais (Imagem: Pixabay)

Este é o primeiro de seis textos, pois faz parte de uma série de três artigos em que Andrew Gillick, da Brave New Coin, fala sobre “como o blockchain está remodelando nossas ordens econômicas, ambientais e sociais”.

Essa divisão foi feita para que você compreenda, pouco a pouco, a visão do autor em relação à revolução da tecnologia de blockchain no mercado financeiro internacional e, consequentemente, nas nossas vidas.

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Visando além 2020, pensaremos o que o futuro nos reserva para cripto, além das stablecoins fixadas em fiduciárias e preços especulativos, para o ethos original do movimento “criptopunk” e de criptoativos: modificar nossas estruturas econômicas, sociais, políticas e ambientais.

Também falaremos de por que precisamos desassociar o papel duplo (reserva de valor e meio de câmbio) das moedas comuns no futuro e por que o bitcoin e outros criptoativos fornecem uma oportunidade única de quebrar o ciclo de dívida criado pelas fiduciárias e pelos bancos.

Reformular os mercados de capitais vai ser o primeiro passo para a tecnologia de blockchain, mas esse é um passo complementar quando analisamos o papel que os criptoativos terão na migração de um mundo que opera além da sua capacidade, em busca de um crescimento exponencial, para um crescimento estável.

Apesar de estarem passando por uma crise de identidade, criptoativos têm o poder de “democratizar o dinheiro” e “desbancar os bancos”, como planejado pelo Bitcoin, mas não da forma que as pessoas esperam.

Não vai ser por meio de especulação de ativos digitais ou pela proliferação de ETFs (fundos negociados em bolsa) e ICOs (ofertas de moeda iniciais), inovações em plataformas de negociação, DEXs (corretoras descentralizadas) ou a mais recente estratégia algorítmica.

Em vez disso, criptoativos vão mudar nosso mundo ao agilizar nossa fuga da “época de crédito”, prolongada ao expandir os balanços do governo e inflacionar os ativos para manter o aumento do PIB em uma época de baixo crescimento e de menos consumo.

Há séculos, o papel duplo do dinheiro como reserva de valor e meio de câmbio tem sido dicotômico porque a classe trabalhadora usa dinheiro para sobreviver e a classe financeira o usa para aluguel econômico ao emprestá-lo aos trabalhadores.

Esse conflito levou a uma corrupção na política governamental e deixou a classe trabalhadora presa a taxas de juros que eles querem que permaneçam baixas, para conseguir manter suas dívidas, enquanto a classe endinheirada quer manter altas taxas para ter o melhor lucro de seu capital inativo.

Esse papel duplo também tornou os criptoativos em objetos para a especulação colossal, com consequências econômicas e humanitárias todo ano. Mais de US$ 1,3 trilhão é negociado por dia nos mercados atuais, diminuindo o valor dos mercados acionários globais juntos, e 96% dessas transações são especulativas.

Isso levou ao ataques infames no estilo “Soros” em moedas mais fracas que precipitaram muitas das crises de crédito recentes em economias em desenvolvimento, desde a Argentina até o México.

As reservas de valor e os meios de câmbio mudaram ao longo da História; criptoativos são a nova opção (Imagem: Pixabay)

As etapas do dinheiro:

– baseado em commodities: grão, gado

– fiduciário: metal, ouro/prata valioso

– reserva fracionária: expande dinheiro para ser mais ágil para oferta/demanda

– crédito: sistema atual perpetuado por emissão e manutenção de dívida

– futuro cripto: milhões de moedas locais e microeconômicas em uma economia circular

Ao longo dos séculos, a moeda passou por diferentes estágios de autodegradação, que alguns definem como Lei de Gresham, em que a moeda incumbente (de boa qualidade) é substituída pela nova forma monetária (de menor qualidade) que entra na economia com o mesmo valor nominal.

Pessoas preferem gastar a moeda de menor qualidade e economizar a velha para que sua velocidade acelere até a antiga ser retirada do sistema.

“Todo dinheiro é uma questão de acreditar” — Adam Smith.

Esse processo levou à diluição de dinheiro de commodities (gado, grãos etc.) a moedas de metal (prata, ouro, níquel) que, por sua vez, foram diluídas em conteúdo metálico para criar mais delas, depois ao papel fiduciário “sem valor” e, por fim, à reserva fracionária e de crédito que são apenas “bits” em um computador.

Com os criptoativos, temos uma oportunidade histórica de desassociar o mandado duplo do dinheiro (reserva de valor e meio de câmbio) e desfazer a importância das moedas fiduciárias nacionais para criar milhões de moedas regionais, locais e mais tangíveis, apoiadas por ativos físicos e recursos naturais comuns (minerais, metais, ar, terra).

Esses tipos de moedas foram usadas antes, mas nunca com o poder do blockchain.