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Cripto: 20 conselhos de investimento (ou não) – Parte 1

29 dez 2019, 7:00 - atualizado em 26 dez 2019, 10:34
O especialista Ryan Selkis da Messari fala sobre suas expectativas do mundo cripto na próxima década, aconselhando (ou não) os seus leitores no que investir (Imagem: Pixabay/Pexels)

Parte 2

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1. As dez criptomoedas mais importantes

Essa é uma atualização da minha lista do ano passado. A maioria não mudou, mas eu coloquei em negrito as que mudaram. A classificação foi feita baseada na OnChainFX. Se você não está inserido no mundo cripto 24 horas por dia, não se preocupe se não entender as piadas. Pule para o número 2.

BTC: ouro digital

ETH: reserva DeFi (reserva de ICO)

XRP: moeda grande-demais-para-o-xadrez

USDT: surpresa! Elas são mais reservadas do que a maioria dos bancos padrão TIER 1 (Surpresa! São solventes)

BCH: fichas de casino da Bitmain

LTC: rede de testes do BTC (agora é inútil)

EOS: na verdade, não. Não funciona e é comandada por um cartel (Espera… É uma moeda legítima?)

BSV: moeda falsatoshi

XLM: queime as moedas porque ninguém as quer (vs. Legal. Enigmáticas)

BNB: valor mobiliário empolgante e não registrado

LINK: de nada, exército da XRP

ADA: VOCÊ AINDA NÃO SABE O QUE É?

XTZ: Uau! Jogos de staking nunca vão sair pela culatra!

ALGO: top 20 se ninguém se recuperar, não é?

TRON: moeda do “finja até dar certo”

XMR: fundo de vigilância do FluffyPony

LEO: quase um valor mobiliário lastreando uma quase reserva de liberdade

ATOM: o “complemento” de ETH mais interessante

NEO: “ETH chinês”

HT: quase valor mobiliário que possa ter a bênção de uma contraparte central (CCP)

Outras observações rápidas: XRP teve um poder de permanência tremendo e surpreendente.

Eu não entendi quando eu percebi que não é necessário usar o software da Ripple. Eu realmente não a entendo em um futuro que inclui stablecoins institucionais e moedas digitais de bancos centrais (CBDCs)…

As bifurcações de bitcoin são anulações a esse ponto, mesmo se o IRS acabar brigando com as pessoas durante uma auditoria pública nos próximos cinco anos.

Muita da besteira sumiu este ano ou está a caminho da obsolência previsível, mas Dogecoin vai continuar a se dar bem porque lendas nunca morrem.

Tipos de tokens de corretoras (por que não usar uma cripto ou stablecoin mais líquida?) e tokens de governança (que recurso valioso você está de fato governando?) não prestam, mas agora são negociadas.

Bitcoin é o criptoativo mais importante, mas pode ser hora de que uma altcoin (moeda alternativa) destrone a sua dominância (Imagem: Pixabay/WorldSpectrum)

2. Bitcoin vai liderar ou altcoins vão perecer

Uma coisa interessante sobre cripto é que o bitcoin não liderou o rali do superciclo desde 2013.

Não há evidência para sugerir que, naquela época, o interesse de empresas familiares e de investidores qualificados no Bitcoin Investment Trust liderou o rali. Em 2017, foi o ether e as ICOs que lideraram.

Eu lembro de estar no evento de inauguração da Enterprise Ethereum Alliance e foi um quem é quem de uma galera “blockchain, não bitcoin” das grandes empresas.

Eu pensei “merda… talvez eu devesse comprar um pouco de ether só por garantia”, então houve um pandemônio, pois as pessoas levantaram US$ 30 milhões em 30 segundos com ether.

Você fez dinheiro com ether e ICOs, depois você “vendeu” em bitcoin na Poloniex. Essa foi a fórmula. Não foi até o fim daquele ano que o bitcoin se tornou grande novamente após a resolução do impasse da SegWit2x.

Por que essa história importa? Porque o próprio bitcoin não impulsiona um rali apropriado há seis anos. E a narrativa de “halving” muito debatida é balela porque é minúscula a magnitude do declínio na nova emissão como uma porcentagem da capitalização de mercado.

Em vez disso, os ralis de 2013 e 2017 foram direcionados pelos novos tipos de compradores. Acontece que bitcoin é o ativo mais provável de atrair o novo e principal tipo de comprador de novo: empresas. Não vai ter necessariamente um aumento repentino.

Vai ser mais como uma bola de neve: vai haver cada vez mais anúncios de adesão antes do preço começar a aumentar um pouco. Eu acho que bitcoin vai atingir uma nova alta antes de termos macrorriscos novamente.

“Lixão” se refere a quantidade de dinheiro acumulada e desperdiçada pelas empresas (Imagem: Pixabay/ALTEREGOINTELIGENCIA)

3. O “lixão” vai continuar

Eu disse, na minha publicação de 95 teses, que veríamos a maioria dos tokens despencar para 99%+ de seus níveis recordes, principalmente por conta da quantidade incrível de pressão de venda que atingiria a maior parte dos mercados de tokens quando as equipes e os investidores internos começassem a liquidar posições.

Por essa métrica, XRP poderia ser um tesouro de liquidez descartável para o mercado de US$ 2 a 3 bilhões, XLM de US$ 800 milhões e Chainlink de US$ 600 milhões. Esses são alguns dos ativos negociados publicamente.

Para projetos de tokens que levantaram muito dinheiro em enormes valorações em 2017, as coisas podem ficar muito feias muito rápido quando começarem a ser negociados.

Não é nem garantia de que Telegram, Filecoin, Dfinity ou Polkadot venham ao mercado no ano novo, mas, se vierem, eu ficaria surpreendido se forem negociados próximo de suas últimas rodadas de preço.

O dólar não vai mais ser a reserva de valor mundial; cripto pode ser a solução (Imagem: Pixabay/tombark)

4. Sim, cripto é sobre um mundo pós-dólar

Mais de 95% do valor em cripto — fora os tokens de corretoras (que eu consideraria como quase valores mobiliários) — é por conta dos prêmios monetários das principais criptomoedasNós chegamos ao ponto em que a narrativa macro global de cripto vai pegar ou largar o bitcoin no próximo ciclo.

Se grandes pilhas de dívidas de rendimento negativo continuarem a aumentar, se bancos centrais continuarem a encher seus mercados com capital barato, se a desconfiança na maioria dos governos globais continuar a crescer, então cripto vai ser um ativo relativamente forte a se reter.

Se as guerras de negociação se acelerarem, se os governos reprimirem as bordas regulatórias da criptoeconomia ou se houver uma grande recessão, vai ser bem inconstante e o inverno será longo.

A Teoria Monetária Moderna é a bizarrice mais economicamente danosa que se tornou convencional recentemente.

“Aumentar as dívidas não é nada demais porque o dólar é a reserva” só faz sentido se você ignorar a realidade de que a China está aumentando sua influência de reserva de yuan pela Ásia em disparada, e que os bancos centrais armazenando ouro em taxas recordes são os mesmos que odeiam os EUA: Rússia, Turquia e China.

Estou surpreso que não vimos um banco central, dentre os 50 principais do mundo, anunciar que estão adquirindo cripto como um complemento especulativo a suas aquisições de ouro. Eu ficaria ainda mais surpreso de isso não estivesse acontecendo em segredo até agora.

É importante pegar uma porcentagem do ouro no portfólio para investir em criptoativos (Imagem: Pixabay/Global_Intergold)

5. Sua cesta de ouro com ouro digital

Se você é um “gold bug” (comprador de ouro), eu não sei por que você não tiraria 2% do seu portfólio de ouro e comprar bitcoin com ele, a menos que você fosse restrito legalmente de fazê-lo por algum motivo.

Se você vê esses ativos como complementos perfeitos de “reserva de valor” e olhar à demografia de quem está comprando bitcoin (jovens), você seria um tolo de não ponderar a capitalização de mercado da sua cesta de ouro com ouro digital.

Quando eu estava na faculdade, eu disse ao meu pai que entre o primeiro ano e o último ano, eu vi a base de usuários de Mac ir de 3% para 6% para 10% para 15% entre meus colegas durante quatro anos.

Galera, esse homem não escreve código nos fins de semana, mas ele comprou uma ação da Apple entre partidas de hold, depois comprou uma nova BMW anos após vender um pouco da ação.

É por isso que, às vezes, as decisões de investimento mais fáceis são as mais simples, e eu não sei por que qualquer gestor de ativos ficaria na frente do trem de carga que é a rotação geracional dos “gold bugs” boomers para os “gold bugs” millennials de ouro digital.

Stablecoins e tokens de corretores são alguns outros ativos de cripto que poderão ganhar espaço no mercado (Imagem: Pixabay)

6. Reciclagem da barra de criptoativos

Não há nada novo sob o sol. Se bitcoin se convergiu em se tornar uma nova forma de ouro digital, ainda existem muitos outros ativos interessantes, de valor monetário ou não em cripto.

As maiores apostas até agora são criptoativos (incluindo stablecoins), seguidas de valores mobiliários inteligentes (smart securities) — que vão demorar mais tempo para serem desenvolvidos —, depois uma banda estreita de tokens digitais que abrangem casos de uso como direitos de governança, alocação de recursos digitais, recompensas por trabalho/afinidade, bitcoin, ether, zcash e monero (o portfólio completo de consenso contrário) ainda são as maiores criptomoedas.

Enquanto isso, tokens de corretoras estão se provando de ser os primeiros quase valores mobiliários, pois os tokens da Binance, Bitfinex e Huobi subiram para o top 20 neste ano (deveríamos saber que a indústria iria testar suas próprias empresas como os primeiros valores mobiliários tokenizados!).

Eu falei sobre isso detalhadamente com Chris Burniske da Placeholder em uma das minhas entrevistas preferidas no podcast da Messari.

Recompensa por bloco se refere ao número de criptomoedas que você consegue minerar em um bloco; o valor da recompensa diminui por conta do “halving” (redução pela metade quando os blocos minerados chega em um determinado número pré-definido) (Imagem: YouTube/One Minute Economics)

7. A insanidade das recompensas inflacionárias por staking

Dinheiro que não é dinheiro e tokens que não são valores mobiliários precisam de um tipo de dissipador artificial de velocidade, senão seu valor teórico vai ser tampado em algum valor descontado da utilidade de rede máxima no futuro, dividido por velocidade (eu sei que é um bocado, mas seja paciente comigo).

Baixa velocidade vem da necessidade de reter um ativo em reserva ou ganhar taxas geradas na rede (como, por exemplo, gás para executar aplicações na máquina virtual da Ethereum).

Outra forma de criar um dissipador de velocidade, apesar de ser por meio de recompensas inflacionárias por staking. Principalmente, é tirar dinheiro de um bolso e colocar em outro. Brilhante!

Eu não quero ter papas na língua aqui: recompensas inflacionárias por stacking são, sem qualificação, a coisa mais idiota com a qual a indústria se iludiu a acreditar desde que o investimento em whitepaper pegou fogo na metade de 2019. O jogo final lógico é que os serviços de custódia de staking centralizam as posses.

Recompensas inflacionárias têm proporção determinada (“pro rata”) a 99% da rede que faz o stake, então aqueles destinatários sortudos pagam seus serviços de staking com uma taxa E recebem taxas de passivo em dinheiro pelo que realmente parece um dividendo de ação.

Então, os serviços de custódia de staking relatem tudo isso para a administração fiscal. Loucura.

Os termos “urso” (bear) e “touro” (bull) são usados para descrever ações gerais, atitudes ou sentimento, ou de um ativo individual ou do mercado como um todo (Imagem: Pixabay)

8. Sou um “touro” de meio prazo em staking

Ah, a ironia! Infraestrutura sólida de governança realmente precisa existir se proof-of-stake for funcionar. Eu diria que staking provavelmente deveria ser executado (infelizmente) por um oligopólio fluido de fornecedores por um tempo, bem como a mineração proof-of-work é feita hoje em dia.

De forma contraintuitiva, isso significa que os serviços de staking provavelmente *deveriam* ser testados sobre a inanidade de “recompensas de inflação” vs. “taxas de rede” porque ninguém as está usando hoje em dia nessas redes, mas, pelo menos, você pode ter participação nos jogos de stake.

Recompensas de staking (líquido de imposto) deveriam destruir de valor, mas poderemos ver grandes estouros enquanto algumas equipes “otimizam o prêmio monetário”, ou seja, desenhem esquemas de “pump and dump” de token.

Já estamos vendo isso com Tezos porque as corretoras de staking lutam para adquirir tezos em nome de seus consumidores. Cerca de ¾ de tezos já estão retidos.

Ainda assim, Coinbase, Kraken e Binance precisam comprar mais para seus títulos se quiserem que mais usuários façam stake.

Não apenas isso, mas você pode pensar em tudo isso como uma prática de marketing para a bolha real de staking anterior ao staking de ether no início de 2020. Todos os serviços de staking vão se amontoar ao fazer o marketing disso.

“Security tokens” foram uma grande promessa do ano de 2019, mas a SEC conseguiu intervir em qualquer proposta relacionada a criptoativos (Imagem: Pixabay/geralt)

9. Valores mobiliários de cripto vão continuar a decepcionar

Como eu previ ano passado, ainda não houve nada interessante no mercado de valores mobiliários. Pelo menos nenhum dos projetos de tokenização de ações/obrigações de empresas imobiliárias/privadas entraram no mercado.

Isso é porque seus pools de liquidez estão em outro lugar, e os mercados seguem liquidez, e não o contrário. O interessante foi a proliferação da tokenização dos quase valores mobiliários.

Estou otimista com tokens de corretoras com modelos de queima de tokens. Eu gosto de protocolos DeFi sintéticos que espelham a participação acionária do mundo real (comprando a S&P como um investidor indiano).

Eu realmente gosto do universo de design que está surgindo em torno das DAOs, que, provavelmente, são o estado final lógico para a maioria dos “utility tokens” de redes que alimentam protocolos de qualquer utilidade no futuro (talvez esse seja o caminho para valor do token 0x).

O problema vai ser ganhar o mercado sem entrar em conflito com o guia da SEC — pelo menos nos EUA. A grande ironia é que o medo da SEC possa estar evitando que um número de equipes atualize recursos de seus tokens que dariam aos ativos verdadeiro valor fundamental e atrativo.

O acréscimo de funcionalidade de contratos inteligentes aos mercados como o imobiliário, energético, o de seguros e até mesmo capital humano vão acontecer no futuro.

Porém, a emissão de tokens sob a lei Reg A+ como um valor mobiliário vai ter de ser uma daquelas áreas atingidas por um incêndio cedo ou tarde na próxima década. Não consigo pensar em como isso faz sentido.

Cripto se move muito rápido para esperar que a SEC venha com a curva de aprendizagem atrasada.

“Stablecoins” são uma nova classe de criptoativos que tentam oferecer estabilidade de preço e são lastreadas por um ativo de reserva (moeda fiduciária) (Imagem: Pixabay/moritz320)

10. Stablecoins vão encobrir o bitcoin em termos de tamanho

As guerras de stablecoins estão esquentando e é a melhor coisa para a viabilidade de longo prazo de cripto.

Temos uma seção das dez principais este ano, mas basta dizer: stablecoins globais interoperáveis poderiam se tornar maiores que o bitcoin em pouco tempo se alguns dos maiores projetos de moedas de bancos centrais criarem raízes.

Eu não tenho certeza se o Facebook (via Libra) ou Binance (via Venus) estão bem-posicionados para o sucesso de mais governos criarem suas próprias stablecoins, mas talvez Tether esteja.