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Criador da Ethereum quer que comunidade vá além das finanças descentralizadas

24 jul 2021, 12:37 - atualizado em 24 jul 2021, 12:37
“Coisas que importam além das DeFi” foi o título da palestra dada por Vitalik Buterin, o russo-canadense de 27 anos que é a grande mente por trás da rede Ethereum, responsável pela febre DeFi (Imagem: YouTube/Grand Amphi Théatre)

A Ethereum precisa olhar além das finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês), segundo Vitalik Buterin, o fundador da rede.

Em participação à Ethereum Community Conference (EthCC) — o maior evento europeu da rede, com foco na tecnologia e na comunidade, cuja quarta edição aconteceu esta semana em Paris, na França —, Vitalik falou sobre tudo: desde complexos mecanismos de login, desenvolvidos em blockchain, a propagandas vergonhosas de tokens nas redes sociais.

“[A Ethereum] ser definida por DeFi é melhor do que ser definida por nada, mas precisa ir além”, disse ele na conferência, noticia o Decrypt.

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Segundo Vitalik, a rede Ethereum precisa ser socialmente útil, bem como benéfica. Ele reclamou que a funcionalidade da rede é restrita a poucos, destacando as caras taxas de gás — pagas por usuários a mineradores da rede pelo processo de transmissão de transações ao blockchain.

Vitalik disse que os jargões do nicho são mais usados por grandes investidores e obcecados do setor DeFi e que uma rede mais inclusiva não irá atrair o usuário médio por conta das altas taxas.

Uma das ideias que podem fazer com que a Ethereum seja mais útil para todos, segundo Vitalik, é do “financiamento retroativo”, em que desenvolvedores desenvolvam, gratuitamente, uma infraestrutura e recebam por seu trabalho quando emitirem dividendos.

De acordo com ele, permitiria que projetos do ecossistema prosperassem como um “bem público”.

A descentralização tem um grande papel na proposta de “financiamento retroativo”, pois permite que usuários participem de projetos e quem desenvolver preze pela qualidade e por essas propostas da comunidade (Imagem: YouTube/Grand Amphi Théatre)

Outra expectativa do fundador é que a Ethereum sirva de alicerce para um ecossistema de redes sociais que encoraje a publicação de conteúdos de alta qualidade.

No mundo cripto, usuários são a favor de redes sociais descentralizadas, que não sejam controladas por grandes empresas (Facebook, Twitter, Google etc.) que, por sua vez, lucram sobre o conteúdo postado e pelo tempo gasto assistindo a conteúdos nas plataformas.

Vitalik criticou a grande coleta de dados e os “incentivos desalinhados”, que recompensam publicações cínicas, com alto engajamento e curtidas.

Outra ideia é utilizar carteiras Ethereum para login em diversas plataformas, assim como é possível acessar diversos serviços ao usar uma conta do Gmail ou do Facebook.

Opções de login via Ethereum forneceriam uma “verdadeira neutralidade”, resistência à censura e “camadas integradas que facilitam o design do mecanismo”. Ele prevê redes sociais que só permitem a publicação de membros envolvidos em uma organização autônoma descentralizada (DAO).

Vitalik também fez algumas piadas sobre como as pessoas o mencionam no Twitter, perguntando sobre novas integrações — como se ele fosse o único responsável pelo desenvolvimento do enorme ecossistema Ethereum —, ou aleatoriedades, como a propaganda da moeda Ethereum Max pela socialite Kim Kardashian — “deveríamos ‘cancelá-la’” —, fazendo os participantes da conferência gargalharem.

Ele fez um alerta aos desenvolvedores da Ethereum, que precisam se responsabilizar por ações desagradáveis de pessoas aleatórias do setor: “nós não somos o problema. O problema são as outras pessoas [que não estão envolvidas em cripto]”.

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