Crescimento tímido no Brasil, inflação no radar global e tensão comercial entre EUA e China são destaques da semana

Veja os indicadores econômicos que serão destaques entre os dias 7 e 13 de abril, com projeções e comentário.
Após três meses de estagnação, comércio varejista e serviços devem registrar leve crescimento em fevereiro
Três meses sem registro de expansão na margem, o varejo restrito deve, enfim, registrar crescimento de 0,2%, mesma variação prevista para o setor de serviços em fevereiro.
O recorde na geração de empregos formais – cerca de 432 mil no segundo mês do ano – e a correção após três recuos consecutivos podem garantir algum crescimento ao varejo, enquanto o setor de serviços deve ser positivamente influenciado pelo desempenho do agronegócio.
Ainda que os aumentos marginais esperados para comércio e serviços se materializem, projetamos um recuo de cerca de 0,60% no IBC-Br do mês.
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IPCA de março não deve refletir a melhora do quadro inflacionário projetada para o 2º trimestre
A nossa projeção é de uma alta de 0,55% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês, bem abaixo dos 1,31% registrados em fevereiro, mas ainda significativamente acima dos 0,16% observados em março do ano passado.
O mercado estará especialmente atento ao comportamento dos preços dos alimentos, ponto sensível para o governo e um dos principais focos de insatisfação da população.
Além disso, a atenção também estará voltada para os núcleos de inflação e demais indicadores qualitativos, como o índice de difusão, que devem mostrar alguma melhora na comparação entre fevereiro e março. Embora a divulgação do IPCA seja relevante, o destaque dos últimos dias foi a queda dos preços ao produtor, que pode antecipar algum alívio para o consumidor nos próximos meses.
A recente desvalorização do petróleo, impulsionada pela intensificação das tensões comerciais e pela sinalização de aumento da oferta por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), também reforça a expectativa de novos cortes nos preços da gasolina e do diesel, o que pode contribuir para reduzir ainda mais as perturbações inflacionárias à frente.
Último dado de inflação antes do impacto das tarifas nos EUA será divulgado nesta semana
Embora as medidas protecionistas tenham sido implementadas ao longo do primeiro trimestre, as projeções do Federal Reserve indicam que os preços ao consumidor referentes a março devem se manter relativamente estáveis em comparação a fevereiro.
No entanto, esse comportamento tende a não se repetir nos próximos meses, quando se espera alguma aceleração da inflação em razão dos efeitos diretos e indiretos das tensões comerciais.
Apesar de o mercado ter precificado nesta semana a possibilidade de cortes de juros em maio, diante da expectativa de uma desaceleração global mais aguda, os riscos inflacionários persistentes e os dados do payroll de março reforçam a percepção de que o Fed deve adotar uma postura mais cautelosa, postergando o início efetivo do ciclo de flexibilização monetária para junho.
A semana também será marcada pela divulgação do índice de preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos. A combinação entre a imposição de tarifas e a recente — e inesperada — desvalorização do dólar em escala global pode ter pressionado os custos na base da cadeia produtiva, elevando o PPI. Esse movimento, por sua vez, tende a alimentar as expectativas de inflação ao consumidor nos próximos meses, representando um risco adicional para a ancoragem do cenário inflacionário no curto prazo.
Ata do FOMC deve subir o tom frente às novas requisições de Donald Trump
O “tarifaço” de Donald Trump, anunciado na quarta-feira (2), trouxe extrema volatilidade ao mercado. Muitos economistas apontam que esta ampliação abrupta de tarifas foi uma medida descabida e deve gerar inflação e recessão nos EUA.
Apesar de Trump não assumir diretamente que suas medidas realmente podem gerar esses efeitos, sua pressão sobre o Fed vem aumentando desde a eleição: rotineiramente Trump aponta publicamente que Jerome Powell deveria cortar juros.
Apesar da pressão, o presidente do Fed segue firme em seu mandato, apontando que as tarifas realmente devem gerar efeitos inflacionários e de crescimento mais lento. Assim, a ata que será divulgada na próxima semana deve fortalecer o discurso de controle inflacionário em um cenário repleto de incertezas e de inflação potencialmente mais alta, e este movimento, além de correto, é necessário para diminuir a volatilidade nos mercados.
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Novos dados econômicos da China serão relevantes para compreender a verdadeira situação da economia chinesa
Em fevereiro, a balança comercial voltou a indicar um consumo interno enfraquecido, com as importações recuando 8,4% na comparação anual, enquanto as exportações avançaram apenas 2,3%. Esse padrão reforça a visão de que o crescimento segue desafiador, com menor demanda interna pressionando a atividade.
Os novos empréstimos também serão um termômetro importante para avaliar a capacidade da economia chinesa de ganhar tração. Caso o volume de crédito fique abaixo das expectativas, a percepção de um crescimento lento pode se intensificar. No campo inflacionário, a China segue em território deflacionário, com o IPP em -2,2% e o IPC, -0,7% em fevereiro deste ano frente ao mesmo mês do ano passado.
Os dados que serão divulgados referentes a março não terão efeito das tarifas ainda, o que pode novamente garantir queda da inflação. No entanto, é provável que, a partir de abril, a inflação comece a apresentar variação positiva, à medida que os efeitos das políticas internas de estímulo e do novo ambiente comercial se desdobrem.
Todavia, parece claro que a economia chinesa tem capacidade de absorver essas variações em primeiro momento sem ter grandes preocupações dado que a economia opera em deflação anual, ao contrário do cenário visto nos EUA. De modo geral, a China parece ter, neste momento, maior capacidade de absorção de um choque inflacionário, uma vantagem notável sobre os EUA nesta guerra comercial.
Confira a agenda de indicadores entre 7 a 11 de abril (horário de Brasília):
Segunda-feira, 07 de abril
Horário | País | Indicador |
03h00 | Alemanha | Balança Comercial (Fevereiro) |
03h00 | Alemanha | Produção Industrial (Fevereiro) |
05h30 | Zona do Euro | Índice Sentix de Confiança do Investidor (Abril) |
06h00 | Zona do Euro | Vendas no Varejo (Fevereiro) |
08h25 | Brasil | Relatório Focus (Semanal) |
11h00 | EUA | Índice de Tendência de Emprego (Março) |
16h00 | EUA | Crédito ao Consumidor (Fevereiro) |
Terça-feira, 08 de abril
Horário | País | Indicador |
08h30 | Brasil | Balanço Orçamentário (Fevereiro) |
08h30 | Brasil | Estatísticas Fiscais (Fevereiro) |
09h30 | Brasil | Estatísticas de Valores a Receber |
11h00 | Brasil | Produção e Venda de Veículos (Março) |
13h00 | EUA | Perspectiva Energética de Curto Prazo da EIA |
17h30 | EUA | Estoques de Petróleo Bruto API (Semanal) |
Quarta-feira, 09 de abril
Horário | País | Indicador |
08h00 | EUA | Índice do Mercado Hipotecário (Semanal) |
08h30 | Brasil | Estatísticas Monetárias e de Crédito (Fevereiro) |
09h00 | Brasil | IPP (Fevereiro) |
09h00 | Brasil | Vendas no Varejo (Fevereiro) |
11h30 | EUA | Relatório de Estoques de Petróleo da EIA (Semanal) |
14h30 | Brasil | Indeco: Indicadores econômicos Selecionados |
14h30 | Brasil | IC-Br: Índice de Commodities – Brasil (Março) |
15h00 | EUA | Atas da Reunião do FOMC |
16h00 | Argentina | Produção Industrial (Fevereiro) |
22h30 | China | CPI (Março) |
22h30 | China | PPI (Março) |
Quinta-feira, 10 de abril
Horário | País | Indicador |
09h00 | Brasil | Barômetros Econômicos Globais (Abril) |
09h00 | Brasil | Índice de Crescimento do Setor de Serviços (Fevereiro) |
09h30 | EUA | Pedidos por Seguro-Desemprego (Semanal) |
09h30 | EUA | CPI (Março) |
13h00 | EUA | Relatório WASDE |
15h00 | EUA | Balanço Orçamentário Federal (Março) |
Sexta-feira, 11 de abril
Horário | País | Indicador |
03h00 | Reino Unido | PIB (Fevereiro) |
03h00 | Reino Unido | Produção Industrial (Fevereiro) |
03h00 | Reino Unido | Balança Comercial (Fevereiro) |
03h00 | Alemanha | CPI (Março) |
07h00 | Zona do Euro | Encontro do Eurogrupo |
09h00 | Brasil | IBC-Br: Índice de atividade econômica (Fevereiro) |
09h00 | Brasil | IPCA (Março) |
09h30 | EUA | PPI (Março) |
11h00 | EUA | Índice Michigan de Percepção do Consumidor (Abril) |
16h00 | Argentina | CPI (Março) |