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Crescimento menor e incertezas desafiam posição comprada no real

16 set 2021, 16:32 - atualizado em 16 set 2021, 16:32
Dinheiro, Real
A Kapitalo Investimentos, que tem mais de R$ 20 bilhões sob gestão, disse em carta a clientes que zerou posição comprada no real (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Gestores têm adotado uma postura mais cautelosa após o real ter se fortalecido mais do que qualquer outra principal moeda global nos últimos seis meses, antecipando ventos contrários que incluem revisões para baixo nas projeções para crescimento econômico e turbulência política.

A Kapitalo Investimentos, que tem mais de R$ 20 bilhões sob gestão, disse em carta a clientes que zerou posição comprada no real, citando o alto nível de tensão institucional e incerteza econômica elevada no Brasil.

Dados da B3 mostram que o posicionamento comprado em dólar via derivativos dos fundos locais passou de quase zero no começo de julho para US$ 5,5 bilhões.

O real avançou mais de 7% contra a moeda americana desde março, quando o Banco Central se tornou um dos primeiros a começar a elevar a taxa de juros, dando início a um ciclo de aperto monetário agressivo para combater a inflação.

Agora, bancos incluindo o JPMorgan estimam que a economia brasileira vá crescer abaixo de 1% no próximo ano. O país também enfrenta um impasse político sobre o orçamento e se prepara para o que podem ser eleições presidenciais altamente polarizadas em 2022.

O Bank of America, que ouviu 31 investidores de América Latina com US$ 77 bilhões sob gestão, verificou uma redução das expectativas para o Brasil à medida que a política se torna o principal ponto de atenção. Agora, apenas 29% dos entrevistados veem o dólar abaixo de R$ 5,10 no fim do ano, ante 45% em agosto.

“O debate eleitoral antecipado e os riscos fiscais nos impedem de ter posições significativas no real agora”, disse Bruno Marques, gestor da XP Asset Management, que administra cerca de R$ 122 bilhões. Marques disse que o fundo XP Macro está com posição neutra em relação à moeda no momento, após ter ficado comprado durante alguns momentos neste ano. “Não vejo oportunidade de grandes alocações no real”, disse Marques.

Contudo, alguns não estão convencidos de que o rali terminou. A combinação de juros mais altos e balança comercial robusta deve favorecer a moeda brasileira, disse Fabricio Taschetto, diretor de investimentos da Ace Capital.

Adicionalmente, o sinal do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que a autoridade monetária poderá prover liquidez para o fluxo do overhedge no fim do ano também é positivo, disse Gustavo Pessoa, um dos sócios-fundadores da Legacy Capital. A Legacy carrega uma posição vendida simultaneamente em dólar contra real e no Ibovespa.

A valorização do real desde março é quase o dobro da registrada pelo peso mexicano, o segundo melhor desempenho entre as principais divisas do mundo, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Mas esse ganho ocorreu do início de março ao final de junho, quando o dólar caiu cerca de 16% em relação ao real, chegando a R$ 4,91. Desde então, a moeda americana avançou para cerca de R$ 5,28, com períodos atípicos de volatilidade do real.

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