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Crescimento mais lento e perdas maiores tornam recuperação da Uber pouco provável

04 jun 2019, 17:11 - atualizado em 04 jun 2019, 17:11
Uber
A desaceleração do crescimento é sinal de que ainda há um longo caminho pela frente para os investidores da Uber antes de verem uma melhora sustentável em seus negócios, vê analista (Imagem: Instagram do Uber)

Por Haris Anwar/Investing.com

A maior empresa de serviços de motoristas particulares do mundo, a Uber Technologies Inc. (NYSE:UBER), está caminhando sobre uma perigosa corda bamba desde a sua decepcionante oferta inicial de ações no mês passado. A empresa precisa mostrar rapidamente que vale mais do que o preço em que suas ações estão sendo negociadas. Mas essa tarefa não é nada fácil quando o crescimento está desacelerando, as vendas estão caindo e as perdas estão se ampliando.

Essa foi a mensagem que os investidores receberam da empresa no dia 30 de maio, quando ela divulgou seus primeiros resultados desde o IPO, os quais deixaram claro que o caminho da lucratividade para a Uber será longo e tortuoso. Embora os resultados estivessem, em sua maior parte, em linha com as expectativas dos analistas, eles mostraram que a empresa não tem muito espaço de manobra no feroz e disputado ambiente em que opera.

Suas ações estão refletindo essa avaliação pessimista: elas caíram quase 3% desde o tão aclamado IPO, no dia 10 de maio, quando despencaram mais de 10% durante seu pregão de estreia. Embora tenham se valorizado 1,5% na sexta-feira, fechando a US$ 40,41, caíram 0,5% após o horário regular do pregão, durante o fim de semana.

Gráfico preço Uber

Crescimento em desaceleração

Os resultados da Uber no 1T mostraram que a receita proveniente dos seus serviços de corridas e entregas de alimentos cresceram 10% ano a ano, para US$ 2,62 bilhões, muito mais lento do que no mesmo período do ano passado, o que demonstra uma consistente tendência de queda. O crescimento líquido da receita em sua plataforma central caiu de 125%, em 2017, para 39%, em 2018. A margem de contribuição da plataforma central, que representa a receita de vendas menos custos variáveis, foi de 18% há um ano, mas caiu para 4,5% negativos no primeiro trimestre.

O crescimento de reservas brutas, uma medida-chave do que os clientes gastam com a Uber, também está desacelerando. Elas totalizaram US$ 14,7 bilhões no trimestre, um aumento de 34% em comparação com 37% no quarto trimestre. Houve uma expansão nos consumidores mensalmente ativos na plataforma para 93 milhões, uma alta de apenas 2%. Trata-se de uma queda em relação a um crescimento sequencial de 3% no primeiro trimestre do ano passado e a uma média de 14% nos últimos 11 trimestres reportados.

Esses números mais fracos e o aumento de custos da companhia foram responsáveis por produzir um impressionante prejuízo trimestral de US$ 1,01 bilhão, um dos maiores entre as empresas de capital aberto. Ter prejuízo em uma fase de crescimento explosivo não é incomum, mas é difícil dar o benefício da dúvida para a Uber, quando o crescimento já está desacelerando e a gerência não parece ter uma resposta concreta para satisfazer seus investidores desconfiados.

Ao comentar os resultados após sua divulgação na semana passada, a Uber tentou reanimar um pouco o preço das suas castigadas ações, dizendo que a empresa planeja cortar custos com a redução da quantidade de recursos gastos em promoções com clientes e marketing, de acordo com o diretor financeiro da companhia, Nelson Chai. Mas há um conflito entre essa intenção de cortar custos e as declarações feitas no informe à imprensa a respeito dos resultados:

“Nossos investimentos continuam focados na expansão global da plataforma e na diferenciação do nosso produto e tecnologia no longo prazo, mas não vamos hesitar em investir para defender nossa posição de mercado ao redor do mundo.”

Sem dúvida, a liderança da Uber no setor de contratação de motoristas particulares é inquestionável. Ela oferece mais serviços do que qualquer concorrente, incluindo entrega de comida e logística, com um alcance mundial muito maior. A empresa opera em 700 áreas metropolitanas de seis continentes. Mas, mesmo assim, não é o momento certo para investir na ação, quando a expansão está desacelerando e as ações claramente têm mais espaço para cair.

Resumo

A Uber ainda é uma ação a ser evitada. A desaceleração do crescimento é sinal de que ainda há um longo caminho pela frente para os investidores da Uber antes de verem uma melhora sustentável em seus negócios. Com um ambiente macro em rápida deterioração para as ações de crescimento e o acirramento da concorrência, não acreditamos que este seja um bom momento para estar comprado em Uber.

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