Crescimento do banco Silvergate pode ser ainda maior com a ajuda da stablecoin Diem
O Silvergate divulgou seus fortes resultados trimestrais nessa terça-feira (20) — e o mercado percebeu. Ontem, a ação do Silvergate (SI) disparou 15% desde a abertura do mercado e, neste momento, está sendo negociada a US$ 98,76.
A empresa quase duplicou seu lucro antes dos impostos no último trimestre, segundo o CEO Alan Lane.
“Nosso sucesso continua a ser impulsionado pela forte demanda por nossas soluções com criptomoedas dependem da Silvergate Exchange Network, ou SEN”, explicou ele.
Na verdade, o serviço de transferência gerou mais de US$ 239 bilhões em volume durante o segundo trimestre de 2021, totalizando um aumento de 44% em comparação ao primeiro trimestre.
Também resultou em maiores depósitos médios de clientes cripto mais, segundo Lane. Depósitos médios subiram de US$ 3,5 bilhões para US$ 9,9 bilhões durante o segundo trimestre.
“Estamos implementando, de maneira prudente, esses depósitos em ativos que geram rendimentos, incluindo a aquisição de US$ 4,5 bilhões de valores mobiliários de curta e longa duração durante o trimestre, enquanto garantimos que temos bastante liquidez para oferecer a nossos clientes que transacionam na SEN”, disse ele.
Apesar de a rede SEN ser seu principal impulsionador, esta também parece ser uma boa hora para ser um banco favorável a cripto.
Signature Bank também divulgou seus lucros nessa terça-feira, informando que quase US$ 20 bilhões em depósitos vieram da indústria de criptoativos. Cripto compôs cerca de 50% de seu crescimento trimestral.
A taxa de cripto do Silvergate subiu 59% desde o último trimestre para US$ 11,3 milhões. Este dado pode ser atribuído a um volume maior da SEN e a uma gestão de caixa relacionada a serviços cambiais de clientes cripto, de acordo com o banco.
Apesar do interesse do Silvergate em desenvolver a chamada “infraestrutura para stablecoins”, taxas de transação pela emissão e queima de stablecoins não ajudaram no crescimento.
“Taxas de transação para a emissão e queima de stablecoins foram imateriais nesse trimestre”, explicou o diretor financeiro Antonio Martino. “Mas conforme Alan [Lane] mencionou, estamos bem-posicionados para nos beneficiarmos dos crescentes casos de uso para stablecoins ao longo do tempo.”
Silvergate espera que tal maneira seria por meio de seu acordo com Diem, o projeto de stablecoin do Facebook. O projeto saiu da Suíça e foi para os EUA em maio deste ano, anunciando que iria trabalhar com Silvergate para emitir seu tão aguardado token lastreado ao dólar americano.
Diem — anteriormente conhecida como Libra — passou por trancos e barrancos, pois sua stablecoin foi adiada devido a grandes preocupações regulatórias que surgiram tanto em nível global como estatal.
Lane disse que a colaboração ainda está nas “primeiríssimas rodadas” e “novos produtos como esse geralmente exigem um diálogo regulatório”.
Ainda assim, Silvergate acredita que será um empreendimento produtivo, afirmando que o banco está “bem-posicionado para se beneficiar de diversos meios de monetização”.
Pode vir na forma de emissão e queima, gerando um rendimento sobre depósitos de reserva. O Silvergate também planeja acrescentar serviços bancários para clientes da SEN.
Ainda é muito cedo para delimitar os detalhes de como essa monetização irá exatamente acontecer, segundo Lane, mas o Silvergate também planeja manter as reservas em seu patrimônio, ou seja, o banco também ganhará um rendimento sobre a própria reserva além de outros geradores de renda.
Silvergate pode ter fechado acordo com a Diem, mas não é o único no jogo das stablecoins.
Ontem (20), o Mastercard anunciou ter firmado uma parceria com a Circle para testar liquidações com sua U.S. Dollar Coin (USDC).
No fim de 2020, a Visa também fechou um acordo com a Circle. Lane disse que, conforme o setor de fornecedores cresce, o Silvergate poderá se beneficiar da competição por conta da SEN.
“Não achamos que esses tipos de anúncios têm um impacto negativo no que fazemos, pois nosso caso de uso aqui, com a SEN, é especificamente sobre o fornecimento de liquidez, eficiência de capital, reduzindo a fricção bancária para corretoras e investidores institucionais”, disse Lane.