Política

Cresce número de brasileiros que não veem chance de ditadura no Brasil, aponta Datafolha

01 jan 2020, 20:26 - atualizado em 01 jan 2020, 20:26
A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos (CNT)

O apoio à democracia como forma de governo sempre melhor que qualquer outra caiu no Brasil no último ano, de acordo pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira, que mostrou, por outro lado, menor expectativa de uma nova ditadura no Brasil.

Uma parcela de 62% dos entrevistados considerou a democracia como melhor forma de governo, abaixo dos 69% da sondagem anterior, realizada na semana do primeiro turno das eleições de outubro de 2018.

Enquanto isso, aumentou de 13% para 22% a fatia do que entendem que tanto faz se o governo é uma democracia ou ditadura. Outros 12% disseram que preferem uma ditadura em certas circunstâncias.

A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.

O levantamento mostrou ainda que para 49% não há chance de uma nova ditadura no Brasil, acima dos 42% da pesquisa feita durante o primeiro turno das eleições de 2018. Outros 46% disseram que isso poderia acontecer, enquanto 5% não souberam responder.

O Datafolha questionou ainda se os entrevistados conheciam o Ato Institucional nº 5 (AI-5), considerado o início do período mais duro da ditadura militar.

Eduardo Bolsonaro
Em outubro, Eduardo afirmou em entrevista que em caso de radicalização pela esquerda uma resposta “pode ser via um novo AI-5” (Imagem: Youtube de Leda Nagle)

Uma fatia de 65% disse desconhecer o AI-5, enquanto 35% afirmou já ter ouvido falar no ato. Em novembro de 2008 –última vez que a pesquisa trouxe a pergunta–, os números eram de 82% e 18%, respectivamente.

Em 2019, tanto o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, quanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, fizeram citações públicas ao AI-5 e causaram polêmica.

Em outubro, Eduardo afirmou em entrevista que em caso de radicalização pela esquerda uma resposta “pode ser via um novo AI-5”.

No mês seguinte, foi a vez de Guedes falar do ato. Em entrevista nos Estados Unidos, o ministro disse: “Não se assustem se alguém então pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”. Ele fez o comentário ao abordar uma onda de protestos em alguns países da América Latina nos últimos meses de 2019.

O presidente Jair Bolsonaro chegou a lamentar a afirmação do filho, mas, em entrevista posterior, disse que não viu “nada de mais” nas declarações de Eduardo e Guedes sobre um eventual novo AI-5.

O Datafolha ouviu 2.948 pessoas nos dias 5 e 6 de dezembro, em 176 municípios de todo o país.

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