Cresce ameaça do coronavírus ao setor de energia eólica
O que deveria ser um ano que de longe ultrapassaria o recorde anterior de instalações no setor de energia eólica provavelmente terá um avanço mais modesto.
Incorporadoras devem aumentar a capacidade em 9% neste ano, para 66.422 megawatts, segundo a BloombergNEF. A previsão anterior do braço de pesquisa da Bloomberg era de expansão de 24%.
Os números se somam à série de cortes de previsões de crescimento para o setor de energia renovável, já que a propagação do coronavírus abala cadeias de suprimentos e planos de investimento em vários países.
Embora os dados também mostrem a resiliência do setor eólico, cuja receita é atrelada a contratos de compra de energia que não oscilam como o preço dos combustíveis fósseis, nenhum negócio pode operar com normalidade se os funcionários não puderem desempenhar suas funções com segurança.
A crise de saúde na Europa e nos EUA pode ser uma notícia particularmente ruim para a indústria eólica. Enquanto painéis solares podem ser fabricados de forma barata na China e exportados, as gigantes turbinas eólicas geralmente são fabricadas em regiões mais próximas de onde estão instaladas.
“Muitas das questões são sobre pessoas, não matérias-primas”, disse Oliver Metcalfe, analista de energia eólica da BNEF.
Na Europa, onde a BNEF cortou a previsão para 2020 em 4,2 gigawatts, já havia 12 fornecedores de componentes e máquinas do setor com a produção parada por causa do vírus.
Em alguns casos, funcionários se recusaram a trabalhar por medo de contágio. Também houve casos de fábricas fechadas por precaução ou porque um trabalhador ficou doente.
Nem tudo são más notícias. A energia eólica offshore, cujo desempenho este ano deveria ser relativamente fraco, será muito menos atingida pelo vírus em comparação com as instalações em terra.
A maior incorporadora de parques eólicos offshore do mundo, a dinamarquesa Orsted, disse na semana passada que mantém as estimativas e avalia investimentos de US$ 13 bilhões em Taiwan.
Ainda assim, existem sinais de problemas para a energia éolica offshore. Algumas incorporadoras no Reino Unido avaliam se devem acionar cláusulas de força maior nos contratos para vender energia a preços garantidos pelo governo. Isso poderia atrasar as conclusões de projetos, afetando potencialmente as metas do governo de expandir a energia renovável.