Créditos de carbono: Brasil pode alcançar receita de US$ 120 bilhões até 2030
O Brasil tem um imenso potencial no mercado de créditos de carbono e pode atender 48% da demanda global até 2030, aponta um mapeamento inédito do ecossistema nacional do segmento feito pela ICC Brasil – Câmara de Comércio Internacional, em parceria com a WayCarbon, ao qual o Money Times teve acesso.
De acordo com a projeção atual, o potencial de geração de receitas com créditos de carbono até 2030 para o Brasil subiu de US$ 100 bilhões para até US$ 120 bilhões, considerando o preço de um cenário otimista de US$ 100 por tonelada, valor estipulado pela TSVCM (Taskforce on Scaling Voluntary Carbon Markets).
Isso se contrapõe a capacidade de atendimento do Brasil de 22,3% a 48,7% da demanda global por créditos do mercado voluntário, que deve chegar entre 1,5 e 2 giga toneladas de CO2 e no final da década.
O país pode obter entre R$ 1,39 e R$ 4,63 bilhões em 2030, quando considerado os preços médios dos créditos por tipos de projetos até agosto de 2021.
O estudo tem por objetivo de atualizar o mercado sobre o desenvolvimento do mercado de créditos de carbono após a COP-26, celebrada em Glasgow em novembro de 2021.
Brasil na economia verde
Atualmente, a oferta brasileira corresponde a cerca de 12% das emissões mundiais (45,28 MtCO2 em créditos de carbono no mercado voluntário em 2021), superando a participação de 2019 (3%) e o cenário mais otimista (10%) utilizado no estudo do ano passado para 2030.
Tal desempenho é reflexo do aumento do número de créditos emitidos de soluções baseadas na natureza e da influência da regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris na COP-26.
“O nosso objetivo é entregar uma bússola que indique o caminho aos agentes econômicos de forma transparente para que eles possam desenvolver, estruturar e fortalecer esse mercado”, explica Laura Albuquerque, gerente geral de consultoria da WayCarbon, à frente da pesquisa.
Em 2022, a WayCarbon ouviu diversos agentes econômicos do mercado de carbono a fim de mapear a dimensão do ecossistema do segmento nacional para elencar seus principais atores e o estágio da maturidade desse ambiente, além de principais barreiras e recomendações para o seu desenvolvimento.
Foram entrevistadas 25 empresas atuantes no mercado de carbono. Entre as empresas que fomentaram a pesquisa estão: Bayer, Eneva (ENEV3), Itaú (ITUB4), Marfrig (MRFG3), Natura (NTCO3), Santander (SANB11), Tauil & Chequer Advogados e Trench Rossi Watanabe Advogados.
“Ainda há muito o que fortalecer não apenas nos mercados de carbono globais, mas também nacionais. É um mecanismo importante para a transição a uma economia de baixo carbono, que impulsiona o desenvolvimento econômico, social e ambientalmente responsável de nosso país”, avalia Gabriella Dorlhiac, diretora executiva da ICC Brasil.
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