Crédito rural sofre do veneno da Selic e produtores pagarão a conta
Se já corria o esgotamento dos recursos do Plano Safra, com crédito rural subsidiado, com a sequência de alta da taxa Selic, o novo aumento da semana passada tratou por comprometer a equalização dos juros.
O governo ficou sem meios também para cobrir a diferença entre taxa efetivamente pela pelo produtor e a praticada pelo mercado.
Ao jogar a retomada da oferta das linhas de crédito subsidiadas para março, após a suspensão tomada ontem pelo Tesouro Nacional, o governo só arrasta o problema tentando achar um tapa buraco, mas joga ainda mais agricultores a buscarem recursos privados.
Com o aumento dos juros básicos para 10,75%, o custo do dinheiro chega mais caro ainda para o tomador.
A safra 21/22 está na reta final, faltando a colheita da soja e o plantio do milho, mas também pode ser impacto o pré-custeio da safra 22/23, que entra no radar dos compradores de insumos.
Ao final de janeiro, a média praticada de 15% pelos bancos com Recurso Próprio Livre já havia dobrado sobre setembro, como informou ao Money Times o CEO da Sonhagro, franquia intermediadora de crédito, Romário Alves.
Mais de R$ 130 bilhões, somando custeio e investimentos, já estavam comprometidos, de um total de R$ 177 oferecido para 21/22 em juros controlados.
“Essa suspensão deve ser para o governo estudar em como realocar recursos de algumas linhas que ainda estão disponíveis”, diz Alves, agora.
Mas a disponibilidade é baixa, ou quase nula, principalmente na linha de recursos para investimentos, como já havia explicado antes Gustavo Soares, supervisor de Agronegócio do Banco Siccob, instituição cooperativada.
A menos que no ambiente de contratações recentes, mas ainda sob análises, aconteçam recusas na efetiva liberação, e o governo consegue ganhar um trocado a mais para a concessão de crédito rural.