Crédito para pessoas físicas deve avançar 21,5% em 12 meses, diz Febraban
Mais uma vez o crédito destinado as famílias, ou seja, as pessoas físicas deverá ser o destaque do resultado mensal do saldo total da carteira e crescer 1,4%, fazendo com que o resultado total das operações acelere 0,8% no mês, como mostra a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban.
Em julho, isso acontece ainda impulsionado pela reabertura das atividades, recuperação do mercado de trabalho e também pelo crédito rural, devido ao início do Plano Safra 2022/2023.
A pesquisa é divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central.
Já as projeções são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam de 38% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional, dependendo da linha, além de outras variáveis macroeconômicas que impactam o mercado de crédito.
Desaceleração e inflação
Com o resultado, o ritmo de expansão anual da carteira deve ficar em 16,3%, apresentando uma ligeira desaceleração ante estimativa da Federação para junho (+16,9%), em termos nominais.
A desaceleração é inferior à da inflação, que saiu de 11,89% para 10,07% no mês, por conta da deflação registrada em julho de 0,68%, indicando que o crédito acelerou em termos reais, de 5,0% para 6,2%, sugerindo ainda um cenário positivo para o segmento.
Em expansão
De acordo com a pesquisa, em 12 meses, a carteira Pessoa Física deve registrar alta de 21,5%, mantendo-se em um ritmo de expansão bastante expressivo. Já a PJ deve acomodar para 9,3% (ante 10,5% em junho), nesse mesmo período.
“A pesquisa traz um cenário de continuidade do forte ritmo de crescimento do crédito neste começo de segundo semestre, em linha com os números até mais positivos que temos observado para a atividade econômica e o mercado de trabalho durante todo ano, compondo um quadro favorável para expansão das operações de crédito”, avalia o diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, Rubens Sardenberg.
Sardenberg destaca ainda que a pesquisa revelou que a carteira Pessoa Jurídica deve recuar de 0,2% em julho. A queda deve ser liderada pela carteira livre (-0,6%), afetada pela sazonalidade negativa das linhas de fluxo de caixa.
A carteira direcionada (+0,6%), entretanto, deve ganhar impulso com a nova rodada do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), com início das operações na última semana do mês, mas o impacto deve ser maior em agosto.
Concessões: elevação da taxa Selic e alta inadimplência
O levantamento mostra que as concessões de crédito devem ficar praticamente estáveis em julho, com ligeira queda mensal de 0,4%.
No acumulado em 12 meses, o volume total de concessões também deve mostrar estabilidade, com crescimento de 23,8% (ante 23,7% em junho, segundo estimativa da Febraban).
O resultado sinaliza que a injeção de crédito na economia tem se mantido bastante disseminada, apesar da elevação da taxa Selic e dos sinais de alta da inadimplência.
Os recursos
Os recursos destinados às empresas devem ser impulsionados pela reedição do Pronampe. Já os recursos direcionados às famílias devem ser impulsionados pelo crédito rural.
As operações com recursos livres, por sua vez, devem mostrar retração.
Para as empresas, o desempenho deve refletir a sazonalidade negativa das linhas de fluxo de caixa, como descontos de duplicatas e antecipação de faturas de cartão.
Agora, para as famílias, o resultado já pode refletir o impacto da política monetária mais restritiva – que afeta especialmente as linhas mais sensíveis aos juros, como, por exemplo, a de financiamento de veículos – e na deflação no mês, que reduz o tíquete médio das operações (como nas concessões com cartão à vista).
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