Crédito consignado pode levar a “rouba-montes”: Quais bancos mais ganham e quais perdem com as novas medidas?

Alguns bancos podem se beneficiar mais do que outros com as novas regras do crédito consignado privado, também batizado de “Crédito do Trabalhador”. Segundo o governo, as mudanças prometem ampliar a oferta de crédito para diferentes categorias de trabalhadores.
Por ser um crédito com taxas mais competitivas, justamente por reduzir o risco de inadimplência ao associar o pagamento ao salário do trabalhador e à multa rescisória, bancos e fintechs terão maior flexibilidade para oferecer o crédito.
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De acordo com a Febraban, em até quatro anos o saldo disponível para o crédito pode sair de R$ 39,7 bilhões para R$ 120 bilhões.
Vale lembrar que a modalidade não é de fato nova e foi criada em 2003, porém nunca chegou a atingir seu potencial esperado. Isso porque a concessão dependia de acordos entre bancos e empresas, que restringiu a adoção a apenas empresas grandes com mais de 500 funcionários. Agora, as regras dão maior segurança às instituições financeiras.
A Genial Investimentos fez um comparativo entre as regras antigas e novas para ficar mais clara a ampliação:
Consignado Privado (Antigo) | Consignado Privado (Novo) |
---|---|
Garantia: 35% multa rescisória | Garantia: 100% multa rescisória + 10% do FGTS |
— | Transferabilidade: da dívida para outros empregadores |
Pagamento: via empresas, contrato envolve empresa | Pagamento: via eSocial, contrato envolve apenas o cliente |
Inadimplência: Alta, 7,99% em dez/24 | Inadimplência: Menor, garantia torna o produto menos arriscado |
Taxa de Juros: Média, 2,89% em dez/24 | Taxa de Juros: Menor, risco reduzido para bancos possibilita taxas menores para clientes |
Acesso: Ofertado por bancos | Acesso: CTPS Digital e ofertado por bancos |
Público-Alvo: Empregados CLT de grandes empresas | Público-Alvo: Empregados CLT, trabalhadores rurais e domésticos |
Os analistas da Genial avaliam que o Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4) podem se beneficiar da nova medida, uma vez que ambos possuem uma parcela reduzida da carteira consignada (1,1% e 4,9%, respectivamente), e tem espaço para apetite e expansão.
No entanto, a casa de análise chama atenção para um maior risco de “canibalização do crédito pessoal” pelo novo crédito consignado privado no Bradesco e no Itaú (ITUB4). Segundo eles, o tamanho expressivo de suas carteiras nesse segmento podem reduzir ou limitar a expansão do crédito pessoal tradicional conforme a nova modalidade amplie.
Vale destacar também que atualmente quem disputa o market share do consignado privado é o Santander (SANB11) e o Itaú, que juntos detém 60,4% e ambos podem perder a sua relevância com o que os analistas chamaram de “rouba-montes”.
“Acreditamos que os dois bancos estarão mais preocupados em defender a carteira existente inicialmente, para depois pensarem em novas prospecções”, explicam.