Economia

Crédito concedido pelos bancos deve crescer 8% este ano, estima Banco Central

25 mar 2021, 13:50 - atualizado em 25 mar 2021, 13:50
Banco Central
Para o crédito livre, a projeção de expansão é 11,1%, com aumentos de 12% e 10% para os saldos de empréstimos a pessoas físicas e jurídicas, respectivamente (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

O saldo do crédito concedido pelos bancos deve crescer 8% este ano, de acordo com o Relatório de Inflação, publicação trimestral do Banco Central (BC), divulgado hoje (25).

A estimativa é maior do que a divulgada no relatório anterior, de 7,8%. “O aumento decorre da reavaliação na trajetória esperada para o crédito direcionado, enquanto a expectativa de evolução do crédito livre foi mantida”, diz o BC.

Para o crédito livre, a projeção de expansão é 11,1%, com aumentos de 12% e 10% para os saldos de empréstimos a pessoas físicas e jurídicas, respectivamente. A expectativa para o crédito direcionado é de aumento de 3,7% em 2021, com alta de 11% para as pessoas físicas e redução de 7% para as empresas.

O crédito livre é aquele em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo, e é destinado, basicamente, aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e ao microcrédito.

Em 2020, o saldo do crédito cresceu 15,7%, com alta de 11,2% para famílias e 21,9% para empresas. Para 2021, essa projeção de 8% vem do crescimento de 11,5% no crédito para famílias e de 3,4% para pessoas jurídicas.

“As projeções de crescimento do estoque total de crédito para 2021, assim como no Relatório de Inflação de dezembro de 2020, consideram um cenário de normalização das condições de oferta e demanda de crédito, com a retomada do financiamento não bancário pelas grandes empresas e a volta do protagonismo das famílias no Sistema Financeiro Nacional”, diz o relatório.

Análise

De acordo com o BC, nos financiamentos às pessoas jurídicas com recursos livres, a projeção foi mantida em 10%, considerando o cenário de recuperação da atividade econômica, concentrado no segundo semestre, o desendividamento esperado de parte dos tomadores de crédito e a retomada de emissões de dívidas corporativas fora do sistema financeiro pelas grandes empresas, o que reforçaria o movimento de desaceleração do crédito bancário em comparação a 2020.

Em relação ao crédito direcionado para as empresas, diante do resultado acima do esperado em 2020, houve reavaliação da perspectiva de evolução da carteira, ainda no contexto de encerramento dos programas emergenciais de crédito e do adiamento no pagamento dos financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“A projeção de variação desses créditos passou de -5,3% para -7%, número que não contempla extensão ou criação de novos programas de crédito”, informou o BC.

No caso das famílias, projeta-se o aumento de 12% para os empréstimos com recursos livres, com contribuição importante das operações de cartão de crédito à vista e financiamento de veículos.

Mesmo com o agravamento da pandemia e de seu impacto sobre o consumo, o BC espera que o crédito às famílias seja menos afetado do que no ano passado, “quando prevalecia elevada incerteza e o consumo foi reduzido abruptamente, com consequências sobre modalidades relevantes do mercado de crédito”. Essa perspectiva ganha mais força com a nova rodada do auxílio emergencial.

No segmento de crédito direcionado a pessoas físicas, a projeção de crescimento foi revista de 9% para 11%, influenciada pela grande demanda por financiamentos imobiliários, no contexto de taxas de juros historicamente baixas.

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