Creditas atrai Fidelity e vale US$ 4,8 bilhões em nova captação
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A Fidelity Investments comprou uma participação na Creditas, avaliando a fintech brasileira em US$ 4,8 bilhões.
A Creditas levantou US$ 260 milhões em rodada Series F que foi liderada pela Fidelity, disse Sergio Furio, fundador e diretor-executivo da Creditas. Outros acionistas, como os fundos Vision e Latin America do SoftBank, também acompanharam a rodada, segundo Furio.
“O mercado estava ficando um pouco esquisito e queríamos estar bem capitalizados”, disse Furio, em entrevista por vídeo. Ele espera aproveitar a volatilidade ao longo de 2022 para novas possíveis aquisições.
Os recursos da rodada também serão usados para expandir a base clientes da Creditas com o objetivo de dobrar a receita em 2022, disse Furio. A startup tem pela frente um ano difícil no Brasil, com uma economia que não deve crescer e uma eleição presidencial polarizada em outubro.
“Os brasileiros terão que tomar mais empréstimos com garantias, já que os bancos incumbentes vão recuar a oferta de outras linhas de crédito”, disse Furio.
A Creditas vende uma série de empréstimos com garantias – usando casas, veículos e até iPhones como colaterais – oferecendo taxas mais baratas do que os bancos tradicionais. Em uma rodada anterior de captação de recursos em dezembro de 2020, a empresa havia sido avaliada em US$ 1,75 bilhão.
A transação da Creditas dá início ao que promete ser mais um ano forte para as startups latino-americanas. No ano passado, empresas de venture capital investiram mais de US$ 15 bilhões em startups da região, mais de três vezes o montante de 2020, segundo dados compilados pelo PitchBook.
O frenesi de negócios ajudou a criar novos bilionários e transformou as startups em algumas das maiores empresas da região. A mais recente captação de recursos colocou a Creditas entre as cinco startups de capital fechado mais valiosas da região.
Para comparação, a revendedora digital de carros usados Kavak é avaliada em US$ 8,7 bilhões, o Rappi em US$ 5,25 bilhões e o QuintoAndar, em US$ 5,1 bilhões.
A questão agora é como essas startups se sairão quando for a hora de acessar o mercado público de ações. Devido à queda nos papéis de tecnologia ao redor do mundo, o Nubank, que abriu seu capital em dezembro passado, agora está sendo negociado abaixo do preço de seu IPO.
A Creditas planeja fazer uma oferta pública inicial em algum momento, provavelmente em uma bolsa americana, de acordo com Furio, mas ainda não há um prazo definido.
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Crescimento no México
Furio, que é da Espanha, fundou a Creditas em 2012, depois de ouvir de sua namorada brasileira sobre os juros astronômicos do Brasil.
Ele já havia trabalhado na divisão de banco corporativo e de banco de investimento do Deutsche Bank, seguido por um período de sete anos no The Boston Consulting Group, e chegou ao Brasil sem falar português.
Agora, a empresa que ele criou tem mais de 4.000 funcionários, com um escritório de tecnologia na Espanha e uma operação de empréstimo no México.
A Creditas planeja usar parte dos recursos da rodada para acelerar o crescimento no México, mas não há por ora planos de expansão para outros países da América Latina.
Incluindo a rodada recente, a Creditas já levantou US$ 829 milhões por meio de transações de ações, segundo Furio. Além da Fidelity, outros novos investidores incluem o fundo Actyus e a Greentrail Capital. A empresa também é apoiada por QED Investors, Kaszek Ventures, Wellington Management e Advent International, por meio de sua afiliada Sunley House Capital.
“A Creditas é a rara fintech que realmente constrói relacionamentos profundos com seus clientes, reduzindo drasticamente o custo do crédito e melhorando a qualidade de vida daqueles que atendem”, disse Will Pruett, diretor da Fidelity.