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Credit Suisse vence guerra de preços para ganhar oferta do BNDES

06 jan 2020, 16:35 - atualizado em 06 jan 2020, 16:35
Os bancos geralmente aceitam comissões mais baixas em ofertas subsequentes em comparação com ofertas iniciais de ações porque os investidores já estão familiarizados com as finanças da empresa (Imagem: REUTERS/Arnd Wiegmann)

O Credit Suisse Group AG foi o vencedor de uma sangrenta guerra de preços na maior oferta pública de ações de uma empresa brasileira em uma década: concordou em receber do BNDES comissões em recorde de baixa.

O banco suíço ganhou a liderança na venda de cerca de R$ 24,2 bilhões que o BNDES pretende fazer de suas ações da Petrobras, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. Após uma batalha de duas fases entre bancos de investimento, o Credit Suisse aceitou dividir com sete bancos 0,2% do valor da oferta, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas porque o número não foi divulgado.

Em comparação, a estatal de petróleo pagou aos bancos 1,4% para vender R$ 8,56 bilhões em ações da empresa de combustíveis Petrobras Distribuidora em julho, segundo a empresa. A maior corretora do Brasil, XP Inc., pagou aos bancos 4,25% no mês passado por sua oferta pública inicial de US$ 2,25 bilhões, segundo a XP.

Os bancos geralmente aceitam comissões mais baixas em ofertas subsequentes em comparação com ofertas iniciais de ações porque os investidores já estão familiarizados com as finanças da empresa. A Petrobras (PETR4) é uma das empresas mais conhecidas do Brasil. As vendas de ações feitas pelo governo brasileiro também costumam pagar menos.

Outros bancos que aceitaram dividir a comissão de 0,2% (R$ 49 milhões) com o Credit Suisse incluem Morgan Stanley, Goldman Sachs Group, XP Investimentos, Banco Bradesco BBI, Banco do Brasil, Citigroup Inc e Bank of America Corp, que o Credit Suisse escolheu como joint global coordenator, de acordo com as pessoas. Executivos de bancos que ficaram de fora da transação dizem que os 0,2% mal vão cobrir os custos da oferta, o que os executivos dos bancos participantes negam.

Uma transação do tamanho da que o BNDES planeja fazer ajudaria o Credit Suisse, com sede em Zurique, a subir no ranking de líderes na emissão de ações no Brasil, no qual ficou em nono lugar em 2019, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O BNDES planeja vender mais de 734 milhões de ações com direito a voto da Petrobras, como parte de um plano do presidente Jair Bolsonaro de reduzir o papel do governo na economia. O banco de desenvolvimento é o segundo maior acionista da Petrobras depois do governo federal, com cerca de 10% das ações ordinárias da empresa, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Contando ações com direito a voto e sem direito a voto, o BNDES possui cerca de 13,9% do capital total da Petrobras, com um valor de mercado de cerca de R$ 51,9 bilhões em setembro, segundo o BNDES. A transação do BNDES é a maior oferta de ações de uma empresa brasileira desde que a Petrobras vendeu R$ 120 bilhões de suas próprias ações em 2010.

O BNDES não respondeu imediatamente a pedidos de comentários. O Credit Suisse não quis comentar, assim como os demais bancos líderes da oferta.