Economia

Credit Suisse vê IPCA acima do teto da meta também em 2023, eleva estimativa para 2022 a 9,8%

10 maio 2022, 12:02 - atualizado em 10 maio 2022, 12:09
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O Credit Suisse repetiu afirmação de cenário anterior de que o processo desinflacionário será “longo e custoso”, prevendo pouco espaço para o Banco Central se abster de continuar a aumentar os juros nos próximos meses (Imagem: REUTERS/Arnd WIegmann)

O Credit Suisse elevou seus prognósticos para a inflação brasileira em 2022 e 2023, estimando agora que a alta do IPCA superará o teto da meta oficial por três anos consecutivos, mesmo com a expectativa de que o Banco Central será forçado a elevar a taxa Selic a 14% até agosto próximo.

Sob o novo cenário, o Credit Suisse vê o IPCA subindo 9,8% neste ano. Há pouco menos de duas semanas, o banco privado estimava alta de 8,3%, taxa que já superava com folga o teto do objetivo perseguido pelo BC, de 5,0%. O centro da meta este ano é de 3,5%, mas há margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Para o ano que vem, a projeção agora é de inflação ao consumidor de 5,1%, o que deixa o prognóstico do credor suíço acima do limite superior da meta para 2023 pela primeira vez. O objetivo para o período é de 3,25%, também com tolerância de 1,5 ponto. Em cenário anterior, o Credit Suisse esperava alta de 4,6% do IPCA no próximo ano.

Caso esse cenário se confirme, o crescimento dos preços ao consumidor no Brasil marcará três anos consecutivos acima da banda de tolerância da meta, depois de o IPCA ter saltado 10,1% em 2021, quando o objetivo central de inflação era de 3,75%.

Em relatório assinado por Solange Srour, Lucas Vilela e Rafael Castilho, o Credit Suisse disse que “a revisão da inflação deste ano decorre da nossa nova expectativa de aumento dos preços dos combustíveis, alimentos e produtos industriais”, prevendo que a Petrobras aumentará os preços dos combustíveis em 15% no período para reduzir a diferença em relação à média histórica.

O banco elevou a 16,4% a projeção de inflação de alimentos neste ano, de 12% antes, “devido ao forte aumento nos preços dos fertilizantes, menor oferta global de comida devido às más condições climáticas e menor rendimento das plantações brasileiras”.

Para o ano que vem, “esperamos que os preços de serviços e administrados continuem pressionados pelo efeito inercial da inflação corrente elevada, pela inflação disseminada entre os itens e altas expectativas de inflação, enquanto a inflação em produtos industriais e alimentos tende a diminuir apenas gradualmente”.

O Credit Suisse repetiu afirmação de cenário anterior de que o processo desinflacionário será “longo e custoso”, prevendo pouco espaço para o Banco Central se abster de continuar a aumentar os juros nos próximos meses.

“Não existe almoço grátis: acomodar uma inflação mais alta neste ano exigirá um período mais longo de taxas de juros restritivas ou taxas ainda mais altas”, afirmou o banco, mantendo expectativa anterior de que a Selic –atualmente em 12,75%– será elevada em 0,75 ponto percentual em junho e 0,50 ponto em agosto, chegando a 14%.

O Credit Suisse espera que um ciclo de flexibilização comece em maio do ano que vem, deixando a Selic em 9,5% até o fim de 2023.

“Acreditamos que o riscos para a Selic no próximo ano estão inclinados para cima devido ao cenário inflacionário ainda assimétrico para uma inflação mais alta.”

Disclemer

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