Credit Suisse é o novo Lehman Brothers? Veja o que difere 2022 da quebra de 2008
Durante o final de semana, o Credit Suisse gerou um certo caos no mercado financeiro com uma crise de confiança.
Na sexta-feira (30), os Credit Default Swaps (CDS) de cinco anos do banco de investimento atingiram o seu maior nível desde 2009. Os CDS funcionam como um seguro contra risco de calote.
As ações do banco chegaram a cair 12% no pregão de ontem.
Acontece que o Credit Suisse vem passando por maus bocados desde o ano passado, quando se envolveu em dois escândalos.
O primeiro foi a falência de Greensill, que fez o banco suíço perder US$ 10 bilhões. A segunda perda envolveu o family office Archegos Capital, que convenceu o Credit e outros bancos a fornecerem US$ 30 bilhões para investir na ViacomCBS — dona da Paramount. Os papéis da empresa caíram e a Archegos faliu.
De lá para cá, o Credit perdeu talentos, demitiu 10% de sua equipe e na semana passada anunciou que vai passar por uma reestruturação. O plano será divulgado até o dia 27 de outubro.
“A empresa está passando por um momento de falta de confiança do mercado desde o começo de setembro. Há boatos de que ele estava com problemas de perdas financeiras em algumas áreas do banco e também já vinha diminuindo em operações em alguns lugares do mundo”, afirma Fabio Fares, especialista em análise macro da Quantzed.
O diretor-executivo do banco, Ulrich Körner, chegou a afirmar que a empresa está passando por um “momento crítico”, mas que possui “fortes bases de capital e boa posição de liquidez”.
Segundo analistas da KBW, a instituição financeira precisa captar em torno de US$ 4 bilhões para bancar a sua reestruturação.
Mais forte que o Lehman
Uma possível quebra do Credit Suisse preocupa o mercado, que ficou traumatizado com a falência do banco Lehman Brothers que desencadeou a crise de 2008.
No entanto, Fabio destaca que o cenário de hoje difere do visto há 14 anos. Na época, várias instituições financeiras quebraram e precisaram ser socorridas. “A Lehman foi deixada ao relento e foi isso que assustou o mercado”, diz.
Para o economista, apesar do tamanho do Credit, o efeito de uma quebra do banco seria muito menor, já que é pontual – enquanto o Lehman Brothers levou a uma crise de confiança generalizada, o Credit Suisse geraria apenas um caos.
O problema é que o banco suíço está em uma espiral de más notícias e desarranjos que afetam a sua credibilidade e ações. Mas se a reestruturação prometida surtir efeito, a empresa consegue se recuperar sem grandes efeitos colaterais.
Além disso, os bancos enfrentam uma supervisão regulatória muito mais rigorosa do que na década passada. Antes de o Credit Suisse pedir falência, a companhia seria obrigada a recapitalizar ou pedir crédito.
A situação do Credit está mais parecida com a do Deutsche Bank em 2016, segundo os analistas da KBW. Na época, o banco alemão estava enfrentando uma investigação relacionada a títulos lastreados em hipotecas e os swaps de inadimplência de crédito também subiram.
As pressões só diminuíram após o banco atingir uma taxa de liquidação menor do que o esperado e levantar quase US$ 8 bilhões em novo capital.
“É claro que ninguém precisa de um problema de confiança agora, com o mercado do jeito que está. Mas eu acho que, se acontecer, o feito será muito menor do que se imagina”, afirma Fabio.
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