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Credit Suisse corta recomendação para Eletrobras após fala de Bolsonaro e cita risco político

22 fev 2021, 9:14 - atualizado em 22 fev 2021, 9:14
Credit Suisse
“Uma afirmação que pode ter muitas implicações”, escreveu a equipe do Credit Suisse em relatório (Imagem: Reuters/Arnd Wiegmann)

Analistas do Credit Suisse reduziram a recomendação para as ações da estatal  Eletrobras (ELET3) e cortaram preços-alvo dos papéis, citando fala do presidente Jair Bolsonaro no fim de semana de que o governo pretende “meter o dedo” no setor elétrico.

“Uma afirmação que pode ter muitas implicações”, escreveu a equipe do Credit Suisse em relatório no domingo, no qual apontou que eventual intervenção governamental no setor “pode aumentar a percepção de risco”, principalmente por levantar ecos de medidas do governo para reduzir tarifas em 2012 que impactaram empresas, principalmente estatais.

“Consequentemente, o posicionamento (de Bolsonaro) deve provavelmente levantar preocupações para o setor e especialmente para a Eletrobras”, acrescentaram.

A recomendação para as ações preferenciais da companhia passou para “neutra”, de “outperform”, enquanto para os papéis ordinários passaram de “neutra” para “underperform”. Os preços-alvo foram cortados de 40,20 reais para 32 reais e de 39,60 para 28,30 reais, respectivamente.

O Credit Suisse destacou que mudanças estatutárias na gestão do CEO Wilson Ferreira fortaleceram a empresa contra interferências, assim como a Lei das Estatais de 2016, mas ainda assim expressou alguma preocupação com a sucessão de Ferreira, que anunciou que deixará a companhia em março para assumir a BR Distribuidora (BRDT3).

“O potencial impacto de interferências políticas pode ser reduzido. Ainda assim, uma nova gestão não tão qualificada e não focada na lucratividade pode prejudicar novamente margens e deteriorar expectativas”, escreveram.

“Além disso, os planos de privatização poderiam ficar sob risco, uma vez que poderiam implicar preços mais elevados da eletricidade à frente.”

Os analistas destacaram que o governo não pode alterar contratos no setor elétrico de maneira unilateral para reduzir tarifas, mas afirmaram que ainda assim a incerteza após a fala de Bolsonaro deve impactar o setor.

Eles também lembraram que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem discutido no momento o uso de mais de 50 bilhões em créditos tributários para aliviar tarifas nos próximos anos, o que poderia ser uma medida para conter o avanço das contas de luz.

Essa discussão na Aneel ocorre após decisões judiciais pela exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e do Cofins nas tarifas elétricas.

A agência terá uma decisão final sobre o ressarcimento desses valores aos consumidores após um processo de consulta pública com duração de 45 dias.

Aneel
Essa discussão na Aneel ocorre após decisões judiciais pela exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e do Cofins nas tarifas elétricas (Imagem: Facebook/Aneel)

Uma proposta inicial do regulador propõe a devolução dos créditos em cinco anos, o que poderia aliviar tarifas em cerca de 5% ao ano, segundo a agência.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou no sábado que vai “meter o dedo na energia elétrica”, um dia depois de ter anunciado a indicação de um novo presidente para a Petrobras, alegando que o setor “é outro problema também” para seu governo.

A Aneel divulgou projeção de que as tarifas de eletricidade podem aumentar em média 13% neste ano se não houverem medidas de alívio, como a discussão em andamento sobre os créditos tributários.

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