Credibilidade do BC em risco? Selic deve subir, no mínimo, a 15%, afirma economista André Galhardo
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Nas últimas semanas, o mercado tem elevado as apostas de que a taxa básica de juros, a Selic, deve ter novas altas nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central: em março e em maio. Hoje, a Selic está em 13,25% ao ano.
A possível elevação de março não é uma surpresa. A alta de 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano, já está contratada pelo BC desde dezembro, quando a autoridade monetária ainda estava sob gestão de Roberto Campos Neto e foi reforçada na reunião do Copom em janeiro, comandada pelo novo presidente Gabriel Galípolo.
A incerteza, até agora, está em relação a maio. Sem guidance do BC, mas com o mercado de trabalho apertado e a inflação ainda elevada, os agentes financeiros veem a necessidade de uma outra elevação na Selic.
Na última sexta-feira (14), o mercado de opções de Copom da B3 precificava 49,50% de probabilidade de alta de 0,50 ponto percentual (p.p.) da Selic em maio, o que levaria os juros a 14,75%. Já a probabilidade de alta de 0,75 p.p. era de 17% e de 1 p.p., 11%.
André Galhardo, economista e consultor do Remessa Online, é um dos que esperam que a Selic atinja 15% ao ano ainda em 2025, no pico desse ciclo de aperto monetário.
“[Selic a] 15% é o mínimo. Porque se o Copom decidir parar de aumentar os juros, o mercado vai interpretar que a formação atual do Comitê é convivente com inflação mais alta. Isso porque, em teoria, as altas em janeiro e em março foram colocadas na gestão anterior”, afirma Galhardo em entrevista ao Money Times.
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Alta da Selic: o que está em jogo?
Na avaliação de Galhardo, a valorização cambial recente, os dados apontando “discreto” desaquecimento da atividade econômica “até abrem” espaço para que o Copom encerre o ciclo de altas da Selic em 14,25% ao ano — mas essa seria uma decisão “equivocada”.
Para ele, o presidente Gabriel Galípolo, que assumiu o BC em janeiro, precisa enviar “sinais” muito contundentes de que a autoridade monetária está fazendo de tudo para trazer a inflação de volta para a meta de 3%.
Vale ressaltar que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), referência de inflação, acumula alta de 4,56% nos últimos 12 meses — pouco acima do teto. Já de acordo com o último Relatório Focus, o mercado espera que a inflação atinja 5,60% até o final do ano.
“Certamente, o Galípolo será obrigado a ‘injetar’ pelo menos duas altas de 0,50 p.p em maio e 0,25 p.p em julho, levando a Selic para 15%, na minha visão”, diz Galhardo.