CPI dos EUA reforça início de cortes de juros em setembro, mas velocidade e extensão do ciclo seguem em aberto
Os dados de inflação dos Estados Unidos no mês de julho são consistentes com o início do ciclo de cortes em setembro, avaliam economistas. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% na base mensal, mas desacelerou para 2,9% na anual.
“É uma dinâmica esperada e não preocupa, dada a tendência”, afirma o economista sênior do Inter, André Valério.
A discussão agora, segundo Valério, é sobre a intensidade e frequência desses cortes. Nesse caso, as atenções estarão voltadas aos dados de mercado de trabalho.
“Até a próxima reunião do Fomc teremos mais uma divulgação de dados do payroll. Caso venham tão fracos como os dados de julho, a chance do corte inicial de 0,50 ponto percentual aumenta consideravelmente”, diz.
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No momento, entretanto, a projeção do Inter é de que o Federal Reserve (Fed) inicie o ciclo de afrouxamento da política monetária com uma redução de 0,25 p.p. e realize mais dois cortes no mesmo patamar até o final do ano.
Já a Nomad vê espaço para cortar a taxa básica em mais 0,75 p.p. nas duas reuniões finais de 2024, depois de abrir o ciclo em setembro. Assim, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) levaria os juros para 4,25% no último mês do ano.
“Se o início do ciclo está dado, as suas características permanecem em aberto”, afirma o economista-chefe Danilo Igliori.
Em relação a qualidade dos dados de inflação, Igliori diz que, apesar de mostrarem ajustes marginais e próximos das expectativas, reafirmam a continuidade no processo de desinflação iniciada nos últimos meses, tanto no índice cheio como na medida de núcleo.
O CPI de julho
Em julho, habitação teve alta de 0,4%, respondendo por quase 90% do aumento mensal do CPI. Já o índice de energia permaneceu inalterado, após cair nos dois meses anteriores.
A inflação do mês passado veio em linha com as estimativas do mercado, que esperava uma alta de, justamente, 0,2%. Já a leitura em um ano ficou abaixo do consenso de 3%.
O núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 3,2% na base anual — a menor alta do índice desde abril de 2021.
No mês anterior, o índice de preços do país caiu 0,1%, diante da gasolina e da energia mais baratas. Em 12 meses até junho, a inflação havia avançado 3%.