CPI de janeiro reforça aceleração da inflação, em meio a ‘tarifaço’ de Trump, e adia cortes de juros para 2º semestre

O resultado do índice de preços ao consumidor norte-americano de janeiro reforça a tendência de aceleração da inflação nos últimos meses, afirma o economista sênior do Inter, André Valério.
O CPI dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,5% no mês e 3% em um ano — acima do esperado. O núcleo, que exclui itens mais voláteis, também avançou além das expectativas, com alta de 0,4%.
“O resultado foi qualitativamente ruim, com inflação de alimentos acelerando e energia mantendo tendência de alta dos últimos 3 meses. A inflação de habitação voltou a acelerar, retardando o processo de desinflação. Além disso, nota-se a manutenção da inflação em patamar elevado de itens mais sensíveis ao ciclo econômico, como carros usados e serviços de transportes”, afirma Valério.
Segundo o economista, a falta de “boas notícias” nos preços de janeiro, aliada às medidas tarifárias de Donald Trump, que podem pressionar a inflação no curto prazo, colocam pressão sobre o Federal Reserve (Fed), que pausou o ciclo de cortes de juros na última reunião. “Deve manter essa pausa pelas próximas reuniões”, diz.
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O Inter estima que o banco central dos EUA retome a afrouxamento da política monetária apenas no segundo semestre deste ano, provavelmente na reunião de setembro do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).
Valério afirma que a volta dos cortes antes disso dependerá de uma piora substancial do mercado de trabalho. No entanto, tal cenário não parece estar no horizonte, assim como indicou o payroll na última sexta-feira (7).
O país criou 143 mil vagas de emprego no primeiro mês de 2025. O resultado veio abaixo das expectativas de 170 mil vagas, segundo a mediana das projeções coletadas pelo Broadcast.
A aposta da maioria do mercado para novas quedas nos juros é apenas para a decisão de outubro, de acordo com a ferramenta CME FedWatch. A expectativa é que o Comitê optou por uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.).
Tarifas de Trump trazem mais riscos inflacionários
O economista do Inter alerta que as medidas tarifárias de Trump podem pressionar a inflação no curto prazo.
Esta semana, o presidente dos EUA assinou uma série de decretos que impõem tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio. A medida cancela isenções e cotas isentas de impostos para os principais fornecedores, Canadá, México, Brasil e outros países.
Além disso, no início do mês, o republicano anunciou uma tarifa também de 25% sobre os produtos do Canadá e México. No entanto, os dois países ameaçaram uma taxação contrária e conseguiram um acordo que suspende as tarifas por 30 dias.