Coronavírus

Covid mata uma pessoa a cada 4 minutos com queda de vacinação

27 maio 2023, 19:00 - atualizado em 24 maio 2023, 16:26
Covid
A Covid ainda está entre as principais causas de morte, sendo a terceira maior nos EUA no ano passado, atrás de doenças cardíacas e câncer (Imagem: REUTERS/Stephane Mahe)

Mais de três anos depois, a emergência global da Covid foi oficialmente encerrada. No entanto, a doença ainda mata pelo menos uma pessoa a cada quatro minutos, e as perguntas sobre como enfrentar o coronavírus permanecem sem resposta, colocando em risco indivíduos vulneráveis e países subvacinados.

Uma questão-chave é como lidar com um vírus que se tornou menos ameaçador para a maioria, mas continua extremamente perigoso para uma parcela da população. Essa fatia é muito maior do que muitos imaginam: a Covid ainda está entre as principais causas de morte, sendo a terceira maior nos EUA no ano passado, atrás de doenças cardíacas e câncer.

Ao contrário de outras causas comuns de óbito, como tabagismo e acidentes de trânsito que resultaram em leis de segurança, políticos não têm pressionado por maneiras de aliviar o problema, com vacinas obrigatórias ou máscaras em espaços fechados, por exemplo.

“O desejo geral no mundo é esquecer a pandemia e deixar a Covid para trás, mas não podemos enterrar a cabeça na areia”, disse Ziyad Al-Aly, diretor do Centro de Epidemiologia Clínica do Veterans Affairs St. Louis Health Care System, no Missouri. “A Covid ainda contagia e mata muita gente. Temos os meios para reduzir este fardo.”

Mesmo antes de a Organização Mundial da Saúde declarar no início deste mês que a Covid não constitui mais uma emergência, a maioria dos governos já havia relaxado os lockdowns e diretrizes. Depois de gastar muito nas fases iniciais da pandemia, líderes globais reduziram os esforços e relutam em adotar medidas preventivas para as quais a população não tem mais muita paciência.

Enquanto isso, a infecção que causou pelo menos 20 milhões de mortes no mundo todo continua a evoluir, deixando idosos e portadores de doenças pré-existentes à mercê da sorte, com acesso desigual a remédios e pouca proteção frente a outras pessoas que não usam máscaras ou se vacinaram recentemente.

Plano de longo prazo

Um plano global de longo prazo para proteger os vulneráveis e manter a Covid sob controle não se concretizou, em parte devido à dificuldade de conseguir qualquer consenso sobre medidas para a doença. Desde o início, o discurso político polarizado ofuscou as diretrizes oficiais sobre máscaras e vacinação.

“Sabemos que politizar a saúde pública é uma das tragédias da pandemia”, disse Al-Aly. “Os líderes políticos alavancaram suas respostas não apenas para promover a saúde pública, mas também para promover sua própria narrativa e angariar apoio para si mesmos.”

A chamada Covid longa, que afeta cerca de 10% das pessoas contagiadas, é considerada um dos maiores desafios médicos pós-pandemia. Os custos econômicos também são significativos.

É particularmente assustador para pessoas de alto risco, que tiveram que voltar ao trabalho e aos espaços públicos onde as máscaras são escassas e os perigos invisíveis. Uma festa de casamento ainda pode se transformar em um evento “superpropagador”, e um voo ter um efeito catastrófico.

Embora pessoas com problemas de saúde saibam que devem tomar precauções, algumas só irão perceber que são vulneráveis depois de serem hospitalizadas. Constantes infecções podem aumentar os danos, e isso se aplica a todos, não apenas àqueles com condições pré-existentes.

O que devemos fazer?

O lado positivo é que o mundo agora tem vacinas e melhores tratamentos. Os testes podem detectar infecções em questão de minutos e novos surtos são identificados rapidamente.

Existem outras medidas que podem ajudar, como ventilação, testes de qualidade do ar e melhores máscaras. É preciso investir mais em sistemas de vigilância para que as ameaças possam ser detectadas com antecedência, dizem especialistas.

Os EUA também planejam gastar US$ 5 bilhões em um novo projeto destinado a desenvolver vacinas e tratamentos avançados para o coronavírus em conjunto com fabricantes de medicamentos. O objetivo é disponibilizar remédios rapidamente à medida que o vírus sofra mutações, para que a cepa a ser atacada não tenha perdido força quando o produto chegar ao mercado.

“Mesmo que os governos estejam cansados, temos que enfrentar a realidade de que o vírus ainda está evoluindo”, disse Linfa Wang, virologista e diretora do programa de doenças infecciosas emergentes da Duke-NUS Medical School, em Singapura.

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