Covid-19: três laboratórios veterinários podem produzir matéria-prima do imunizante no Brasil
O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan) se ofereceu às autoridades brasileiras, por meio do Senado Federal, para produzir em larga escala imunizantes contra a Covid-19.
Com a oferta, as plantas dos laboratórios usadas na produção de vacinas para a saúde animal podem ser empregadas na produção de imunizantes já em desenvolvimento no país, principalmente a Coronavac. O que significaria um salto na capacidade de produção de “centenas de milhões de doses”.
A proposta começou a ser debatida no Senado na última semana. Como atualmente o Brasil tem apenas duas fábricas de vacinas para humanos (Butantan e Fiocruz), a ideia foi bem recebida pelos senadores.
De acordo com o relator da Comissão da Covid-19, senador Wellington Fagundes (PL-MT) a proposição também foi bem recebida pelo presidente da República Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Indústria de saúde animal
O Sindan negocia com o governo a possibilidade de produzir vacinas contra a Covid-19 em três laboratórios veterinários.
O Merck & Co. ou Merck Sharp & Dohme, empresa farmacêutica, química e de ciências biológicas global presente em 67 países; Ceva Brasil, que dispõe de quatro centros internacionais principais, com 19 centros regionais de produção pelo mundo, e a Ouro Fino, que exporta produtos para vários países.
O objetivo do sindicato é que estes laboratórios fabriquem a matéria-prima da vacina: o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA).
“Dado à capacidade em termos de volume de produzir dessas empresas e a segurança, nós sempre analisamos a possibilidade de que o interessado que tiver as condições de acessar a tecnologia do laboratório que produz o IFA, poderá também fazer acordos de confidencialidade, transferir essa tecnologia e implementá-la nessas plantas biosseguras”, afirma Emílio Carlos Salani, vice-presidente executivo do Sindan.
As três plantas industriais vinculadas ao agro são classificados em nível NB3+ de biossegurança. Há ainda a possibilidade de confirmação de produção por um quarto laboratório.
Segundo Salani, uma vez efetivada, essa produção dispensa “a necessidade de importação de IFAs produzidos no exterior, assim reduzindo a dependência do Brasil“.
Negociações
O senador Wellington Fagundes que vem acompanhando as ações de enfrentamento contra a pandemia, conversou com a equipe do Money Times e avaliou que o debate em torno do assunto é positivo.
“Esse é um projeto que será regulado pelo Ministério da Agricultura e a Anvisa, mas a ministra Tereza Cristina já deu um sinal verde. Foram inúmeras reuniões com os ministérios da Agricultura, da Saúde e da Ciência Tecnologia de Inovações, Anvisa, e Instituto Butantan, além de audiências públicas com senadores e estamos avançando bastante”, pontuou o senador.
Wellington Fagundes falou ainda da aprovação de uma proposta para visitas in loco nos três laboratórios. “Tivemos a aprovação de uma proposição na comissão para que uma comitiva visite os três laboratórios. Para que eles possam apresentar a todo o potencial de produção do IFA, assim o país terá a produção de um imunizante 100% brasileiro”, comenta.
Com a aprovação da proposta e autorização da Anvisa será preciso ainda aguardar a chegada da célula mãe que é o vírus inativado aos laboratórios.
Após essa etapa as três plantas passam a ter o prazo de 90 dias para a produção da matéria-prima que será posteriormente encaminhada ao Butantan para produção da vacina diluída e envasamento.
De acordo com o Sindan a produção de vacinas contra a Covid-19 não afetará a fabricação de 300 milhões de doses contra a febre-aftosa acertada com o governo federal para 2021.