Covid-19 tira China de missão ‘etanoleira’ que quer Índia fabricando mais anidro
Uma missão ‘etanoleira’ da União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica) embarcou hoje (20) para Ásia tirando a China do roteiro. Mas se o ambicionado mercado para consumo de biocombustível vai ficar para outra vez, longe do coronavírus, ao menos está assegurada a Índia, o principal foco de curto prazo do Brasil, que quer fazer o país desviar a cana (subsidiada) do açúcar (subsidiado).
Em 9 de janeiro, Money Times antecipou essa viagem empresarial – de 24 a 5 de março – e que também vai passar por Tailândia e Paquistão, levando vários especialistas. No dia anterior, a China havia suspendido o programa de aumento do etanol na gasolina para 10%. Mesmo assim Eduardo Leão Souza, diretor-executivo, disse, na ocasião, esperar a retomada do programa a qualquer tempo e o déficit de 12 bilhões de litros do país, quando, então, voltasse a pairar nos planos de exportações do Brasil.
Além da venda direta de etanol para eles, a intenção maior da Unica, com apoio do Itamaraty e Apex, é o incentivo para que esses países produzam mais etanol eles mesmos. Aí que o foco na Índia é mais imediato, já que a quantidade de açúcar que eles jogam no mercado (exceção na safra atual, um pouco menos), tira preços da commodity.
A Tailândia a mesma coisa.
Produzir etanol não tem segredo. Inclusive também não é segredo para esses países que o etanol agregaria um mix importante para os setores locais, aumentando a produção em cadeia – do campo às indústrias.
Tecnologia automobilística
Menos segredo ainda é que com menos açúcar e mais etanol, os preços do primeiro sofreriam menor pressão de oferta e Nova York (bolsa ICE Futures) poderia voltar a subir de vento em popa.
O gap, mesmo, de entendimento, como lembrou Eduardo Leão, é lincado à experiência brasileira de aumento da mistura, que embarcou tecnologias para as usinas e para a indústria automobilística.
Na missão vai o ex-diretor-técnico da Mahle Metal Leve, Ricardo Abreu, que vai destacar justamente a evolução dos materiais e a robustez de funcionamento dos motores com mais etanol anidro misturado à gasolina.
Além dele, vão os professores Paulo Afonso de André, da Medicina da USP, para falar do efeito positivo para a saúde pública com menos combustível fóssil sendo queimado nos motores à combustão, sobretudo na poluída Índia (e China), o segundo maior consumidor de petróleo mundial.
E Gonçalo Pereira, da Unicamp, do Laboratório de Genética e Bioenergia, respeitado no setor privado pela sua contribuição ao desenvolvimento do etanol e hoje do etanol 2G (de segunda geração), além de ter participado da criação da GranBio, primeira empresa a fabricar esse biocombustível mais avançado. Pereira vai falar da transição energética para um mundo menos poluído.
Plínio Nastari, da Datagro, e Renato Godinho, do Ministério de Minas Energia, completam o time brasileiro.