Saúde

Covid-19: mortes aproximam-se de 1 milhão (mas podem ser quase o dobro)

25 set 2020, 16:56 - atualizado em 25 set 2020, 16:56
coronavírus Saúde
O número real de mortes por coronavírus pode chegar a 3 milhões até o fim do ano, de acordo com Alan López, professor laureado diretor do grupo Global Burden of Disease da Universidade de Melbourne (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Oficialmente, o mundo deve registrar 1 milhão de mortes causadas por Covid-19 nos próximos dias, mas a contagem real pode ser quase o dobro disso.

O número real de mortes da pior pandemia em um século pode estar perto de 1,8 milhão – marca que pode chegar a 3 milhões até o fim do ano, segundo Alan López, professor laureado e diretor do grupo Global Burden of Disease da Universidade de Melbourne. A rápida propagação e capacidade de transmissão do coronavírus em pessoas que não apresentam sinais da doença permitiram que o patógeno superasse as medidas para quantificar com precisão os casos por meio de testes diagnósticos generalizados.

“Um milhão de mortes tem um significado por si só, mas a questão é se é verdade”, disse López em entrevista. “É justo dizer que 1 milhão de mortes, por mais chocante que pareça, está provavelmente subestimado – subestimado significativamente.”

Mesmo em países com sistemas de saúde sofisticados, a mortalidade é difícil de medir com precisão. Dezenas de milhares de mortes prováveis de Covid-19 nos Estados Unidos não foram capturadas pelas estatísticas oficiais entre março e maio, segundo estudo publicado em julho, frustrando esforços para rastrear e mitigar o avanço da pandemia.

A escassez de dados precisos prejudica a capacidade dos governos de implementar estratégias e políticas oportunas para proteger a saúde pública e promover a recuperação econômica. Se a mortalidade da Covid-19 chegar a 3 milhões, como López previu, classificaria a doença entre as piores causas de mortes do mundo. Uma contagem inferior de mortes também pode dar a algumas pessoas uma falsa sensação de segurança e permitir que governos minimizem o vírus e ignorem o peso da pandemia.

Sem sistema

A Índia, que tem o maior número de infecções depois dos EUA, carece de um sistema de registro nacional confiável de estatísticas para rastrear mortes em tempo real (Imagem: REUTERS/Rupak De Chowdhuri)

A Índia confirmou mais de 5,4 milhões de casos de Covid-19, mas responde por apenas 90.020 das 967.164 mortes informadas globalmente à Organização Mundial da Saúde até as 16:47, horário de Genebra, na quarta-feira. O país, que tem o maior número de infecções depois dos EUA, carece de um sistema de registro nacional confiável de estatísticas para rastrear mortes em tempo real.

Já em Indiana, nos EUA, pesquisadores descobriram que, embora residentes de casas de repouso não sejam testados rotineiramente para o vírus, responderam por 55% das mortes por Covid-19 no estado.

“Sim, os casos são relatados diariamente em todos os lugares, mas assim que você chega ao próximo nível, como quantos foram internados em hospitais, há grandes lacunas nos dados”, disse Christopher J. Murray, diretor do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde da Universidade de Washington, em Seattle. Os dados médicos, incluindo a duração da doença e os sintomas, ajudam a determinar uma causa provável de morte, disse.

Pacientes com doenças cardíacas, diabetes, câncer e outras condições crônicas têm maior risco de morrer por Covid-19. Alguns governos, incluindo o da Rússia, têm atribuído a causa das mortes em alguns desses pacientes a condições pré-existentes, levantando questões sobre a veracidade de dados oficiais de mortalidade.

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